Depois do gesto público do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada para tentar atrair Marina Silva (Rede), lideranças petistas têm apresentado três argumentos a aliados da ex-ministra do Meio Ambiente para convencê-la a deixar as rusgas do passado de lado.
A avaliação é que a resistência de Marina tem ligação com o mal-estar da campanha presidencial de 2014, quando o PT a atacou de maneira veemente . Em conversas, os petistas têm alegado que a ofensiva daquela campanha não tocava em questões pessoais. Os alvos principais eram a falta de apoio a Marina no mundo político e a sua proposta de defesa da implantação da autonomia do Banco Central.
O segundo argumento apresentado aos aliados da ex-ministra é que a campanha pediu para atacar Marina, mas o então marqueteiro João Santana exagerou na dose. Como terceiro ponto, os petistas alegam que aquela campanha era de Dilma Rousseff e agora o candidato é Lula.
Há um grupo de pessoas, que reúne o ex-prefeito Fernando Haddad, a empresária Rosângela Lyra, ex-CEO da Dior no Brasil, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ex-ministro Cristovam Buarque, o ex-deputado Maurício Rands e o ambientalista Pedro Ivo, que tenta promover o armistício entre Lula e Marina.
A avaliação de parte dos integrantes desse grupo é que a aproximação acontecerá, mas provavelmente não a tempo de a ex-ministra participar, no próximo sábado, do ato de lançamento da pré-candidatura do petista, marcado para ocorrer em São Paulo.
O entendimento é que, antes de aparecer em público com Lula, Marina gostaria de ter uma conversa particular com o ex-presidente.
Lula, de acordo com aliados, não vinha mostrando muita preocupação em atrair a ex-ministra para o seu palanque. Mas a fala no ato do dia 28, quando parte dos integrantes da Rede anunciou apoio à sua candidatura, foi entendida por seus aliados como um gesto.
Na ocasião, o petista disse querer que “a Marina estivesse aqui”. Em entrevista ao GLOBO, a ex-ministra afirmou ter ficado “surpresa com a surpresa dele”.
Lula e Marina mantiveram uma relação de proximidade por duas décadas. O afastamento se deu a partir da sua saída do ministério em 2008 e da sua saída do PT no ano seguinte. O clima, porém, ficou mais tenso na eleição de 2014, quando Marina chegou a liderar a corrida pelo Palácio do Planalto.
A Rede, que formou uma federação partidária com o PSOL, aprovou uma resolução permitindo o voto em Lula e em Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial deste ano.
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