O empresário Jackson Vilar da Silva, organizador da motociata com o presidente Jair Bolsonaro que ocorreu na última sexta-feira (15), é pré-candidato à Câmara de Deputados pelo Republicanos. Com mais de 53 mil seguidores no Instagram, o comerciante foi um bolsonarista convicto por quase todo o mandato vigente. Em março de 2021, chegou a organizar caravanas de São Paulo até Brasília que mobilizaram empresários em prol do "socorro certo".
No entanto, se frustrou com Bolsonaro e chegou a chamá-lo de "traidor", quando o presidente atribuiu ao "calor do momento" os xingamentos e ameaças que fez contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes em ato no dia 7 de setembro.
- Não acredito em Bolsonaro mais. Podem me chamar de traidor, do que você quiser, canalha. Traidor que quer andar de helicóptero para sobrevoar vendo a gente. Vou queimar minha camisa com o nome Bolsonaro. Você não merece respeito, Bolsonaro. Você traiu os motociclistas, os caminhoneiros. Você traiu o seu povo porque você é um frouxo, covarde. Bolsonaro, te apoiei até hoje e a partir de agora quero que você vá à merda – disse Vilar em vídeo apagado.
Em outro vídeo que mantém publicado no Instagram, diz que respeita o presidente, mas não é "um alienado".
Os ataques foram seguidos de um pedido de desculpas, no qual diz que não serve para estar do lado do presidente e que vai seguir a vida longe da política. No dia primeiro de abril, anunciou sua pré-candidatura junto à ex-minstra Damares Alves e ao ex- ministro Tarcísio de Freitas . Em 2018, ele foi candidato a deputado federal pelo PROS, mas não se elegeu.
Em outros posicionamentos nas redes, demonstrou ser contra a CPI da Covid-19 e a favor da ditadura militar. Em 2021, publicou uma mensagem em que escreveu " Salve o dia 31 de março de 1964, o dia em que o Brasil disse não ao comunismo". Menos de três meses após esta publicação, organizou a primeira edição da "Acelera para Cristo", que descreve como "a maior motociata do mundo em SP".
O empresário tem como alvo preferencial o ex-governador paulista João Doria (PSDB). Em inúmeros posts, fala sobre o ex-governador de São Paulo. "Amanhã é o velório do Doria, politicamente morto", escreveu em outubro do ano passado. Em outra publicação, disse que ia jogar ovos no tucano, mas que não compensava desperdiçar o alimento em "lixo". Ele também já escreveu que a prisão do político está próxima.
Dono de uma loja de móveis na capital paulista, Vilar se apresenta como embaixador do comércio da Zona Sul de São Paulo. Durante a pandemia, chegou a receber R$ 5.700 - em pelo menos quinze parcelas - de auxílio emergencial do governo federal entre abril de 2020 e outubro de 2021, segundo o Portal da Transparência.
A manifestação de motociclistas a favor do presidente na sexta-feira foi a segunda organizada por ele. Durante o evento, eles percorreram um trajeto de 130 quilômetros entre a capital de São Paulo e a cidade de Americana. O ato custou R$ 1 milhão aos cofres públicos, segundo a secretaria de Segurança Pública de SP.
Em post sobre a motociata, Vilar prometeu a terceira edição, prevista para o ano que vem. A primeira ocorreu em junho do ano passado.