O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD) , e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) estão empenhados em eleger representantes na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e na Câmara dos Deputados. Por trás do desejo de eleger aliados está o interesse em atrair emendas orçamentárias e formar bancadas capazes de defender os seus interesses em votações estratégicas nos próximos anos. Mas a tarefa já enfrenta conflitos nas siglas.
O PL de Castro trabalhava com a ambição de eleger até 15 nomes para a Alerj e 12 para a Câmara. Mas a iminente expulsão do vereador do Rio Gabriel Monteiro da legenda por acusações de abuso sexual contra menores — ele nega — faz com que o partido recalcule a sua rota. Esperava-se que Gabriel conseguisse até 500 mil votos para deputado estadual, tornando-se o principal puxador de votos para a Alerj e ajudando a eleger outros três. Agora, o PL sustenta a meta de conseguir 11 cadeiras.
Irmão do pastor bolsonarista Silas Malafaia, o deputado estadual Samuel Malafaia tentará se reeleger atraindo o eleitorado evangélico e peregrinando ao lado de Castro. A dobradinha dele com o líder da Frente Evangélica na Câmara, Sóstenes Cavalcante, é considerada um dos principais trunfos do governador em busca da reeleição. Ex-secretários Rodrigo Bacellar, Dr. Serginho e Fernando Veloso também tentarão uma vaga na Alerj e são vistos como puxadores de votos por suas influências no interior do estado e junto ao eleitorado bolsonarista. Entre os que vão tentar a Câmara, Carlos Jordy, Luiz Lima e Roseane Félix são considerados puxadores de votos.
Adversário de Castro, Marcelo Freixo também monta seu time ao Legislativo. Posicionado como um nome da esquerda, mas com diálogo com centro, ele aposta em nomes conhecidos para a Câmara , como o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello e a atriz Lucélia Santos.
Para a Alerj, Freixo usa o discurso de “continuidade e legado” para eleger aliados. Tiago Prata, conhecido pela militância do PSB como Pratinha, será apresentado como seu herdeiro político. Wesley Teixeira será a aposta de Freixo para atrair votos na Baixada Fluminense. Em 2020, ainda no PSOL, ele se candidatou a vereador em Caxias e foi pivô de uma crise no partido por ter recebido doações de nomes como o ex-presidente do BC Arminio Fraga. Carlos Minc é outro puxador de votos do PSB.
Já Eduardo Paes, apesar de não ser candidato ao governo, pretende testar a sua popularidade e eleger seus ex-secretários Eduardo Cavaliere e Guilherme Schleder para a Alerj. A escolha teria gerado ciúme em outros nomes, como o secretário da Juventude, Salvino Oliveira, e o sub-prefeito da Zona Norte, Diego Vaz. Ambos contam com o apoio em 2024, quando tentarão uma vaga na Câmara Municipal. Em Brasília, Paes tenta emplacar outros ex-secretários, como Renan Ferreirinha, Daniel Soranz, Marcelo Callero e Pedro Paulo. A expectativa é que, juntos, somem até 500 mil votos. Popular à frente da Secretaria de Saúde, Soranz é alvo de críticas entre os correligionários, que acreditam que ele poderia “retirar” votos dos colegas. Por isso, há quem defenda o nome dele para o governo.
Para o cientista político Paulo Baía, por trás da vontade de testar a popularidade, os políticos fazem bancadas por interesses em liberação de verbas:
"O foco ao tentar eleger os nomes da sua confiança é o Orçamento. Os municípios e o estado precisam das emendas orçamentárias aprovadas na Câmara. Na Alerj, há ainda a disputa pelo Fundo Soberano."
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