Um dia após ser vaiado em um evento por sindicalistas e militantes do PT com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), o presidente do Solidariedade (SD), o deputado federal Paulinho da Força, avalia retirar o apoio à candidatura do petista. Ele cancelou o ato que estava programado para o dia 3 de maio no qual o partido anunciaria o apoio à chapa de Lula-Alckmin.
Diante da irritação de Paulinho, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, enviou áudio para o presidente do Solidariedade o convidando para mudar de lado, ou seja, integrar o grupo de apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No áudio revelado pelo site O Antagonista, Ciro diz para Paulinho que é melhor tratar com ele do que com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. "Ô Paulinho, não é muito melhor tratar comigo do que com porra de Gleisi, rapaz? Muito melhor, meu irmão... Vem pra cá. Aqui você vai ter só festa, alegria, e bons amigos cuidando de você. Nós estamos prontos para cuidar melhor de você, rapaz. Venha para o lado dos bons, das pessoas que gostam de você. Esse povo lá não presta não", diz Ciro Nogueira na mensagem.
Paulinho, em outro áudio divulgado pelo site Antagonista, reclama das vaias dos militantes e diz a Ciro que está "começando a pensar em aderir a esse seu blocão". Em entrevista ao site Poder 360, o presidente do Solidariedade disse que a troca de mensagens foi em "tom de brincadeira" e admitiu que a relação com o PT não está em bom momento. "Nós precisamos fazer uma discussão mais séria sobre o que o PT quer. Se não querem apoio, só avisar, que a gente não fica perdendo tempo", disse Paulinho da Força.
Como mostrou a coluna de Lauro Jardim, Paulinho ligou para a presidente do PT na manhã de ontem para reclamar das vaias. Ainda disse a Gleisi que se o PT ficar pensando no passado, quando ele apoiou o impeachment da Dilma, o apoio atual a Lula não vai prosperar.
"Como o PT vai ampliar a aliança se comigo, que sou do meio, sou tratado dessa forma? Como vão levar apoio do Baleia Rossi (MDB), do Kassab (PSD)? Você acha que as pessoas vão querer ter constrangimento como me trataram ontem?", questionou.
Integrantes do Solidariedade apoiaram o recuo de Paulinha sobre o apoio a Lula neste momento e diz que o partido precisa pensar mais tempo sobre quem apoiar.
"É importante o partido repensar o apoio e participar da discussão. No momento, não somos Lula, nem Bolsonaro, nem terceira via. Precisamos pensar questões urgentes do Brasil como qualidade de vida, família, fome, juventude e empreendedorismo", diz o deputado.
Já o deputado Zé Silva, presidente do SD em Minas Gerais, lembrou que o Solidariedade já tinha liberado os diretórios estaduais. "Aqui nós não vamos apoiar nem Lula, nem Bolsonaro", afirmou.
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