O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta segunda-feira o assessor especial do ministro Marcelo Queiroga, Daniel Meirelles Fernandes Pereira, para ocupar uma vaga na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pereira já esteve no centro do noticiário em 2020, quando indicou Isabela Braga Netto, filha do Ministro da Defesa, Braga Netto, para a Agência Nacional de Saúde (ANS).
A simples indicação do presidente, no entanto, não é suficiente para assumir o cargo na Anvisa. Antes, Pereira precisa passar por sabatina no Senado. Caso seu nome seja aprovado pelo Senado, Pereira ocuparia a vaga da diretora Cristiane Jourdan, cujo mandato termina no dia 24 de julho. A Anvisa é composta por cinco diretores, desses um ocupa o posto do presidente. Atualmente, Antonio Barra Torres está à frente da agência.
Pereira é formado em direito e especialista em regulação de saúde suplementar. O advogado já atuou como diretor-adjunto de Desenvolvimento Setorial da ANS. Em 2020, ele indicou Isabela Braga Netto a um cargo na agência. Na época, Braga Netto ocupava o cargo de Ministro da Casa Civil, e o nome de Isabel chegou a ser autorizado pela pasta.
Na ocasião, ministros do Supremo afirmaram reservadamente ao GLOBO que o caso poderia ser enquadrado como nepotismo. Após a repercussão, Isabela Braga Netto acabou recusando o cargo.
Desde o ano passado, a relação do presidente com a Anvisa foi ficando cada vez mais conturbada. Embora tenha sido indicado por Bolsonaro, o diretor-presidente da agência travou embates após ataques do Planalto contra a instituição.
O ponto alto da tensão entre os dois ocorreu após a aprovação pela Anvisa do uso da vacina da Pfizer em crianças. Em resposta a acusações feitas por Bolsonaro de que haveria "interesse" por trás do ato, Barra Torres divulgou uma carta na qual pedia para que o presidente apresentasse provas sobre a questão.
“Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa (...) “Agora, se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate”, disse na ocasião.