Desde o início de sua carreira política no PSDB com a disputa pela prefeitura de São Paulo em 2016 — da qual saiu vitorioso — o governador de São Paulo, João Doria, colecionou conflitos, troca de farpas e provocou rachas que culminaram com saídas de quadros históricos entre os tucanos.
Após vencer as turbulentas prévias para a disputa à Presidência nas eleições deste ano, que culminou com uma rixa com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, Doria sinalizou a aliados que pode desistir do projeto, provocando um novo desarranjo no partido.
Relembre as desavenças de Doria no PSDB:
Briga e saída de Matarazzo
Já em sua primeira disputa eleitoral pelo partido, em 2016, João Doria provocou uma crise no PSDB que culminou com a saída do ex-vereador de São Paulo, Andrea Matarazzo. Há mais de 20 anos na sigla, Matarazzo acusou a chapa do empresário de compra de votos e atos “ilegais, imorais e indecentes” nas prévias para a disputa pela prefeitura de São Paulo.
Doria tinha o então governador Geraldo Alckmin como seu maior cabo eleitoral. Novato no partido, ele havia vencido no primeiro turno e Matarazzo acusou Alckmin de uso da máquina do estado em favor do adversário. O empresário atribuiu as acusações à "instabilidade emocional" de Matarazzo e lamentou a saída do concorrente da legenda.
Ataque a Goldman
Em 2017, quando estava na prefeitura de São Paulo, ele chamou o então vice-presidente nacional de seu partido e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, de “improdutivo” e “fracassado”. Doria deu as declarações rebatendo críticas feitas por Goldman por seu excesso de viagens à frente da prefeitura.
"Hoje meu recadinho vai para você Alberto Goldman, que viveu a vida inteira na sombra do Orestes Quércia e do José Serra. Você que é um improdutivo, um fracassado. Aliás, você coleciona fracassos na sua vida. E agora vive de pijamas na sua casa” , disse o tucano em um vídeo publicado em suas redes sociais.
No ano seguinte, o diretório do PSDB paulistano, comandado por um aliado de João Doria, expulsou Goldman do partido.
Rixa com Aécio
Com sua ascensão meteórica dentro do partido, após vencer as eleições para a prefeitura e governo de São Paulo, Doria passou a querer aumentar sua influência colocando aliados em postos-chave das direções do partido.
O movimento passou a incomodar antigos caciques, entre eles Aécio Neves. Doria passou a investir em articulações para tentar expulsar o mineiro, por conta das denúncias de corrupção que enfrenta.
O conflito teve recentemente um dos seus pontos altos na entrevista dada por Doria ao programa “Roda Viva”. Ele chamou Aécio de “covarde” e “pária dentro do PSDB”. Além disso, defendeu que o mineiro pedisse afastamento do partido.
Briga com Leite nas prévias
A disputa para representar o PSDB nas urnas durante a corrida ao Palácio do Planalto em 2022 foi marcada pela polarização entre Doria e Eduardo Leite, com acusações de deslealdade e embates constantes.
Em outubro, a campanha de Leite acusou o diretório de São Paulo de ter filiado 92 prefeitos e vice-prefeitos do estado fora do prazo estabelecido pela legenda para participar da votação, dia 31 de maio. Em resposta, o Diretório da legenda em São Paulo, sob influência de Doria, pediu a exclusão de outros 32 nomes de apoiadores do governador do Rio Grande do Sul, alegando o mesmo motivo referente à data de ingresso na sigla.
Separação de Alckmin
O governador Doria é cria política de Alckmin que bancou sua candidatura à prefeitura em 2016, contrariando outras lideranças tucanas como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves.
Porém, em 2018 ocorreu a primeira desavença pública entre os dois. Numa reunião da direção da sigla, em Brasília, após a derrota nas eleições presidenciais, Alckmin deu a entender que Doria era traidor, numa reação atípica para seu perfil moderado.
Já como governador, o empresário passou a se descolar do padrinho político. As diferenças entre os ex-aliados foram se intensificando e a vitória de Doria nas prévias do partido para a disputa pela presidência, neste ano, culminaram a saída de Alckmin do PSDB.
Depois de 33 anos na legenda, o ex-tucano se filiou ao PSB e deve estar ao lado do principal adversário histórico de seu ex-partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão provocou críticas de Doria.
“Geraldo Alckmin, você não está arrependido de sair depois de 33 anos em que combateu a corrupção de Lula nos 13 anos de lulismo no governo do PT, um partido que o senhor criticou inúmeras vezes em debates, manifestações, artigos? Agora o senhor se associa a Lula e aceita fazer parte de uma chapa como vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva?”, ingadou o governador de São Paulo.
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