Luciano Bivar
Valter Campanato/ Agência Brasil
Luciano Bivar

Detentor de um dos maiores cofres da política, estimado em R$ 1 bilhão, o União Brasil virou alvo da cobiça de siglas interessadas em firmar alianças. Embora já tenha recebido flertes até do PL, do presidente Jair Bolsonaro, a legenda tem avançado nas negociações com MDB e PSDB. O presidente do União, deputado Luciano Bivar, afirma que seu partido terá candidato próprio e que aliados em potencial precisarão se submeter ao processo de escolha interno que a legenda ainda fará para escolher o melhor nome. O recado vale para Bolsonaro, Sérgio Moro (Podemos) e até para Simone Tebet, a pré-candidata ao Palácio do Planalto pelo MDB.

Até aqui, União, MDB e PSDB negociam a formação de uma federação - formato pelo qual as siglas participantes se comprometem a atuar em conjunto, como se fossem um só partido. Caso não haja acordo para tal, contudo, Bivar acredita que será possível oficializar uma coligação para a eleição majoritária deste ano. No momento, eles começam a pensar nos critérios que vão definir o representante do grupo na disputa presidencial.

— Nós estamos fazendo uma discussão sobre qual seria o critério para o melhor candidato. Todos acham que são o melhor candidato: Lula acha, Bolsonaro acha, (Simone) Tebet acha, Ciro (Gomes) acha. É uma iniciativa do União de ter uma candidatura única. Acho que nós somos o único partido, pela musculatura logística que nós temos, de poder aglutinar esses partidos. É isso que nós estamos tentando fazer — explicou Bivar.

Apesar de não fazer parte de nenhuma das três legendas que discutem a federação, Moro já entrou no radar do União Brasil. A própria presidente do Podemos, deputada Renata Abreu, admitiu que houver conversas para que o ex-juiz se filiasse ao União, tendo como vice um nome do Podemos - possivelmente, a própria Renata.

Questionado sobre um eventual apoio a Moro, Bivar disse que a lógica é a mesma e chegou a citar como hipótese que o grupo vete a candidatura de ex-juízes:.

— Moro, como premissa, tem que dizer que vai respeitar a decisão da maioria. Não pode ser determinado "sou candidato" e acabou-se. Ele vai ter que observar qual é o critério para escolher o candidato. Aí ele vai dizer "esse critério não me interessa, então eu não entro nesse pacote" — exemplificou.

Dentro do próprio União há resistência ao nome de Moro, causada pela rejeição ao ex-ministro em alguns estados, o que pode prejudicar projetos políticos de seus correligionários.

Negociação com Bolsonaro

Na semana passada, em entrevista ao GLOBO, o senador Flávio Bolsonaro, que atua na coordenação da campanha do pai, defendeu uma aliança formal com o União Brasil.

— Eu mantenho as conversas com (o vice-presidente do União Brasil Antonio) Rueda, já conversei com o Luciano Bivar uma vez. O União Brasil jamais vai caminhar com Lula. E, até pelo fato de o Bolsonaro ser o grande responsável pelo tamanho que eles têm hoje, nada mais natural do que eles caminhem oficialmente conosco — avaliou Flávio.

Na ocasião, Flávio também disse que, ideologicamente, "o União Brasil está muito mais próximo de Bolsonaro do que o do MDB".

Desde então, porém, Bivar se reuniu com os presidentes do MDB, Baleia Rossi, e do PSDB, Bruno Araújo, para tentar fazer com que a federação entre eles avance. O prazo estipulado pelos dirigentes é até meados de março. Enquanto isso, eles tentam buscar acordos em estados como Pernambuco e Paraíba, onde há candidaturas duplicadas.

Entre os outros entraves, há resistência no próprio União Brasil pela aliança com uma nova sigla, já que a fusão entre DEM e PSL recém foi concretizada. O próprio Bivar reconhece isso, acrescentando que a saída mais provável seria uma coligação. Como principal diferença, esse tipo de aliança não mantém os partidos unidos pelos próximos quatro anos.

— O desprendimento do DEM e do PSL de formar uma fusão, que é muito mais difícil do que uma federação, esse desafio nós conseguimos. Fizemos um partido novo. Agora estamos com outro desafio, de fazer uma federação. Fazer a federação agora com esse exíguo espaço de tempo, porque com o DEM havia muito sentimento de confluências, com essa federação os problemas aumentam muito porque é muito diversificado em cada estado — disse o presidente do União Brasil.

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