O senador Flávio Bolsonaro (PF-RJ) informou, nesta quinta-feira, que vai entrar com uma representação no Conselho de Ética contra o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) por quebra de decoro parlamentar. O motivo, segundo explicou o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi a fala de Randolfe ao afirmar que vê possibilidade de pedir o impeachment do procurador-geral da República, Augusto Aras , caso os pedidos de indiciamento feitos pela CPI da Covid no Senado não sejam levados adiante.
De acordo com Flávio, a pressão de Randolfe para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tome uma posição sobre os pedidos da comissão se configura em interferência política no órgão. Apresentado em outubro, o relatório final do colegiado, que investigou a resposta do governo federal à pandemia, pediu o indiciamento de Flávio, do presidente e de mais 78 pessoas — entre eles os demais filhos de Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
— Eu vou protocolar uma representação no Conselho de Ética contra o senador Randolfe Rodrigues por ter quebrado o decoro parlamentar e, mais uma vez, envergonhar o Senado Federal perante a população achando que ele pode mandar nas coisas, acima da lei, inclusive — afirmou Flávio, que disse que o senador da Rede atacou a honra de Aras e da PGR, além de te ter tentando interferir no órgão.
A declaração de Randolfe sobre a possibilidade de pedir o impeachment de Aras foi dada na última terça-feira, após a inauguração do monumento em homenagem às vítimas da Covid-19 no Brasil. Na ocasião, o senador disse que, mais de quatro meses após a apresentação do relatório, era esperado que a PGR se manifestasse sobre os pedidos de indiciamento para pessoas com foro especial, sejam transformá-los em inquérito, apresentar uma denúncia ou até arquivá-los. Entre os pedidos indiciamento, três autoridades têm prerrogativa de foro especial.
Na mesma ocasião, Randolfe disse que se reuniu com o vice-procurador-geral Humberto Jacques, na semana passada, e representantes da PGR. Na reunião, foi pedido à cúpula da CPI para que individualizasse as provas, isto é, enviasse um material que indicasse qual prova se refere a qual crime cometido e a quem o cometeu.
O material foi entregue nesta quinta-feira. O texto do documento diz que espera “evitar demais delongas” para uma ação da PGR.