O Podemos pretende filiar no próximo dia 26 algumas das principais lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL) em São Paulo. O deputado estadual Arthur do Val, que estava no Patriotas, deve ser o candidato a governador do estado pelo partido que recentemente também filiou o ex-juiz Sergio Moro.
A movimentação desagradou parte do partido e levou o presidente estadual da sigla, o prefeito de Itapevi Igor Soares, a deixar o cargo. Igor e uma ala do Podemos defendiam que a legenda apoiasse a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB). Moro é esperado na cerimônia de filiação de Arthur.
Além do deputado estadual, também devem desembarcar no partido, mas em março, durante a janela partidária, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM), que deve concorrer à reeleição, e o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Rede), que deve sair ao Senado.
Segundo a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu, a construção de um palanque próprio em São Paulo é fundamental para levar Moro ao segundo turno.
"O MBL tem uma militância digital muito forte e um capital político grande em São Paulo, onde o Arthur do Val saiu com 10% dos votos para prefeito" , afirmou a presidente, acrescentando que MBL e Podemos têm uma convergência de ideias, especialmente na defesa da Lava-Jato, e que o grupo também traz um eleitorado mais jovem ao ex-ministro.
Cenário das eleições de 2022
Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 18 de dezembro, do Val, hoje no Patriota, aparece com 2% dos votos no cenário em que Geraldo Alckmin é candidato. Sem o ex-governador na disputa, ele oscila para 3% — a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.
"Acreditamos que a união desse dream team (time dos sonhos, em inglês) gera a mística que é o que faz se ganhar uma eleição com voto barato. A gente não trabalha na lógica de fundo eleitoral, dinheiro e caciquismo partidário. Trabalhamos com propósito e quando se cria uma mística em torno de um propósito isso ganha força. Estamos na luta da terceira via há muito tempo e o Moro tem um histórico que condiz com tudo aquilo que são os nossos anseios" , afirmou do Val, que na eleição à Prefeitura de São Paulo, em 2020, terminou com 9,7% dos votos.
Entre os nomes que irão se filiar ao Podemos estão o vereador paulista Rubinho Nunes e a ativista e coordenadora do MBL Adelaide Oliveira, que foi vice na chapa de do Val à Prefeitura. Ambos tentarão uma vaga na Câmara dos Deputados. Há ainda outros quadros que vão se filiar ao partido para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo: Amanda Vettorazzo, Cristiano Beraldo (ex-secretário de Turismo da cidade do Rio de Janeiro), Guto Zacarias, Julia Machado, Renato Battista (coordenador nacional do MBL) e Glauco Braido (vereador de São Bernardo do Campo).
Protagonistas nos protestos de 2013 ao lado do movimento Vem Pra Rua, o MBL apoiou Jair Bolsonaro no segundo turno e foi base do governo por alguns meses. Enquanto oposição, o grupo organizou atos pelo impeachment do presidente, um deles na Avenida Paulista, em São Paulo, e que contou com um público reduzido e participação de pré-candidatos à Presidência, como o governador João Doria (PSDB) e os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM).
"O público do Moro tem muita intersecção com o publico do MBL, vimos isso pelo nosso Congresso, quando levamos vários candidatos da terceira via e o Moro, sem dúvida, foi o mais aplaudido. Além disso, Moro precisa avançar entre os mais jovens, consolidar a força no sul e sudeste e entre a classe média, e nesse eleitorado o MBL tem boa penetração" , afirmou o deputado federal Kim Kataguiri.