A bancada do PSOL na Câmara encaminhou ao Ministério Público Federal (MPF) um requerimento pedindo por investigações sobre o suposto interesse do "gabinete do ódio", grupo que atua no Palácio do Planalto, por um software chamado DarkMatter, uma ferramenta de espionagem que poderia ser usada contra a imprensa e opositores do governo nas eleições de 2022.
O grupo de parlamentares vê a tentativa de adquirir o recurso como uma ameaça à democracia no Brasil. No pedido enviado ao MPF, o PSOL afirma que o governo federal tem viés autoritário e um "histórico de perseguições" a inimigos internos. Com isso, solicitam que as "instituições atuem para frear o viés antidemocrático do governo Bolsonaro".
De acordo com a bancada do PSOL, é necessário concentrar os esforços da investigação nas ações do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Isso baseado numa reportagem do UOL, veiculada no ano passado, que diz que um integrante do "gabinete do ódio" e representante extraoficial do vereador teria manifestado interesse por um programa chamado DarkMatter, em uma feira de tecnologia em Dubai em novembro do ano passado.
Desenvolvida por uma empresa dos Emirados Árabes Unidos, a ferramenta oferece aos governos um serviço privado de espionagem. O software permite não apenas espionar elementos criminosos, como grupos terroristas e cartéis de traficantes, como também ativistas e jornalistas.
Os parlamentares querem ter acesso às agendas de cada um dos integrantes da delegação brasileira que estiveram em Dubai naquela ocasião, além de detalhes sobre como foi organizado o encontro entre o representante brasileiro e a DarkMatter.
O uso de spywares - softwares de espionagem - é cada vez mais difundido entre governos mundo afora. No ano passado, informações obtidas pela Anistia Internacional apontaram que mais de 50 mil pessoas já foram alvos de espionagem por clientes da empresa israelense Pegasus, que oferece serviço semelhante ao DarkMatter.