A Polícia Federal (PF) e o Ministério da Justiça desistiram de abrir uma delegacia em Petrolina (PE) e justificaram a falta de verba para realizar as obras. A cidade é reduto eleitoral de Fernando Bezerra Coelho (MDB-CE), senador e ex-líder do governo na Casa.
O pedido foi feito em 2020 pela superintendente da PF em Pernambuco, Carla Patrícia. Na época, ela justificou a necessidade de passar para Petrolina devido ao tamanho da cidade — maior que Salgueiro, atual sede da PF no Sertão Pernambucano.
O então ministro da Justiça, André Mendonça, chegou a escolher um prédio e formular o contrato de aluguel. A previsão do governo era gastar R$ 600 mil na realização das obras. As negociações também tiveram a participação de Fernando Bezerra, investigado pela PF junto aos seus filhos.
No entanto, o Ministério da Justiça, já sob o comando de Anderson Torres, pediu uma reanálise da solicitação. A PF recomendou a recusa da troca de sedes. Em julho do ano passado, enfim, o pedido foi definitivamente arquivado.
Em nota, a Polícia Federal informou que a desistência foi motivada pela necessidade de obras na sede da instituição em Recife. A PF ainda justificou a falta de verba para realizar a mudança.
Petrolina já foi palco de investigações da Polícia Federal nos últimos meses. Fernando Bezerra responde junto ao seu filho, Fernando Coelho Filho (DEM -PE) por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
O outro filho do senador, Miguel Coelho (DEM) é suspeito de desviar verba da Prefeitura de Petrolina, onde comanda. Na época, Fernando Bezerra destinou R$ 330 milhões em verbas via Condevasf, quase o dobro do enviado em 2019.
Fernando Bezerra Coelho deixou a liderança do governo Bolsonaro no Senado em dezembro, após o governo apoiar a candidatura de Antônio Anastasia para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).