Presidente do TSE e ministro do STF, Luís Roberto Barroso
Carlos Moura/ STF
Presidente do TSE e ministro do STF, Luís Roberto Barroso

Na última sessão de 2021 antes do recesso de fim de ano, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso , disse que a democracia brasileira viveu momentos graves no ano e, sem citar nomes, criticou alguns atos do presidente Jair Bolsonaro , como os ataques às urnas eletrônicas e o desfile militar com tanques na Esplanada dos Ministério e na Praça dos Três Poderes.

Barroso também afirmou que "o atraso rondou nossas vidas ameaçadoramente", com ódio de desinformação, e o país deixou de debater questões que realmente importam.

A exibição de tanques em 10 de agosto foi vista como uma tentativa de demonstração de força de Bolsonaro, em razão de embates que tinha com outros poderes, como o Legislativo, onde funcionava a CPI da Covid.

"A democracia brasileira viveu momentos graves nos últimos tempos. Ameaças de fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, de descumprimento de decisões judiciais e desfile de tanques na Praça dos Três Poderes, entre outros maus momentos", disse Barroso.

O ministro afirmou ainda:

"O atraso rondou nossas vidas ameaçadoramente. Nesse ambiente, o debate público foi dominado muitas vezes pela mentira, pela desinformação e pelo ódio. Um triste discurso divisivo de nós e eles em lugar do patriotismo inclusivo. O saldo positivo de tudo que passamos é que as instituições resistiram e afastaram o fantasma do retrocesso, da quebra da legalidade constitucional, das aventuras autoritárias que sempre termina em fracasso".

Barroso também afirmou que a Justiça Eleitoral sofreu ataques repetidos com acusações falsas de fraudes.

"Uma absurda campanha que pregava a volta ao voto impresso com contagem pública manual. De novo, uma aposta no atraso. Uma volta ao tempo de fraudes em que urnas desapareciam e outras apareciam com mais votos do que eleitores e mapas eram manipulados em favor de gente desonesta. Felizmente, o Congresso Nacional com altivez rejeitou a mudança para pior, que trazia a suspeita de intenções sombrias de desrespeito ao resultado eleitoral".

O ministro afirmou que o país perdeu tempo com o que não era necessário em 2021 e não discutiu o que poderia significar avanços.

"Tivemos que gastar imensa energia debatendo as questões erradas. Discutíamos não retornar ao voto de papel quando precisávamos discutir em matéria eleitoral a democratização dos partidos, que não podem ter donos ou comissões provisórias eternizadas. Deveríamos estar discutindo a necessidade de mais mulheres nos órgãos dirigentes partidários, deveríamos estar discutindo critérios objetivos e transparentes de distribuição do Fundo Eleitoral e prestação de contas desse gasto de dinheiro público. Deveríamos estar discutindo violência política de gênero com agressões físicas e morais às mulheres que tem a coragem de ingressar na política. Deveríamos estar discutindo um sistema eleitoral que é excessivamente caro, tem baixa representatividade e dificulta a representatividade. E no entanto, tivemos que discutir se devíamos retroceder do digital ao analógico, do computador para a caneta", finalizou o ministro.


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