Lula e Alckmin se cumprimentando; rivais históricos conversam sobre a possibilidade de formação de uma chapa presidencial
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Lula e Alckmin se cumprimentando; rivais históricos conversam sobre a possibilidade de formação de uma chapa presidencial

Uma eventual  chapa presidencial formada pelos rivais históricos Lula (PT) e Alckmin (PSDB) tem agitado o cenário político a menos de um ano das eleições. Tanto o petista quanto o ex-governador de São Paulo já admitiram que as conversas estão em andamento, mas ressaltaram que uma definição só deverá sair no ano eleitoral. Em entrevista ao iG , Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, avalia que os rumores sobre a eventual aliança faz bem aos dois envolvidos, o que não significa que há grandes chances de o acordo ser formalizado.

"Vejo os dois deixando esse rumor crescer porque faz bem a ambos: Lula acaba aparecendo como alguém que dialoga com a centro-direita e consegue fazer alianças em um amplo arco, enquanto Alckmin passa uma imagem de diálogo e, ao mesmo tempo, mantém seu nome em projeção, já que é um candidato que saiu menor da eleição presidencial passada e precisa 'reposicionar sua marca'. Não acho que passe pelo Alckmin aceitar essa aliança, mas sim manter o rumor. Vejo mais como uma estratégia entre os dois de deixar essas portas abertas do que a hipótese da concretização do acordo", argumenta Consentino.

Apesar do avanço das conversas entre os dois atores políticos, há ainda alguns obstáculos pelo caminho. O principal deles diz respeito às  pré-candidaturas de Márcio França (PSB) e Haddad (PT) ao governo de São Paulo. Isso porque Alckmin deve se filiar em breve ao PSB, e o partido socialista condiciona a chapa Lula-Alckmin ao apoio dos petistas à candidatura de França — o que inviabilizaria Haddad.

Alckmin também estaria reticente em abdicar do pleito ao governo de São Paulo em troca da vice-presidência da chapa presidencial. Para Consentino, o benefício da eventual aliança seria maior para Lula e para o PSB do que para o (ainda) tucano.

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"Acho que o Lula tem muito a ganhar, mas não vejo Alckmin com grande vantagem, a não ser manter a sua projeção nacional, afinal, seria alguém em uma disputa presidencial sem ter o ônus de encarar uma nova candidatura depois de um desempenho complicado em 2018. De resto, não vejo tantos ativos para o tucano. Ele perderia a chance de disputar o governo de SP — onde é favorito nas pesquisas, o que seria interessante ao PT e ao PSB por tirá-lo da jogada — e não teria a oportunidade de derrotar seu ex-aliado e hoje desafeto João Doria (PSDB), que apoia Rodrigo Garcia (PSDB) ao pleito."


Lula acena ao mercado

Segundo o cientista político, para Lula, o grande atrativo da aliança seria aumentar a confiança do mercado financeiro em sua candidatura. Isso porque Consentino não vê grande capilaridade política no tucano a ponto de aumentar o eleitorado em estados que não o de São Paulo.

"O mercado veria como uma sinalização importante de Lula a um compromisso maior com pautas liberais e de responsabilidade fiscal. A última eleição presidencial nos mostra que Alckmin não tem uma grande capilaridade política em outros estados. Seu grande reduto é São Paulo, onde teve sucessivos governos estaduais e tem condição de ocupar novamente o palácio dos Bandeirantes."

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