A atitude do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), de suspender sua pré-candidatura à Presidência da República foi interpretada por políticos como uma forma de preparar sua "saída honrosa" da disputa eleitoral. O pedetista tem marcado no máximo 10 pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto, que indicam um confronto entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima eleição.
Em meio a isso, Ciro se retirou, momentaneamente, da disputa, usando como argumento o apoio de deputados federais do PDT à Proposta de Emenda à Constituição 23/2021 (PEC dos Precatórios). Aprovada em primeiro turno na madrugada de hoje graças ao apoio de 15 correligionários
do político cearense, a PEC dos Precatórios visa o adiamento de dívidas do governo, o que permitiria, entre outras coisas, o custeio do programa Auxílio Brasil, pensado para suceder o Bolsa Família até o fim do governo Jair Bolsonaro.
Crítico dos projetos do governo, Ciro comentou que "há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios". "A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição", compartilhou mais cedo. Em resposta, o presidente do partido, Carlos Lupi, disse que vai tentar mudar o voto dos parlamentares
na votação em segundo turno.
Ainda assim, segundo o blog de Julia Duailibi, no G1, deputados acreditam que Ciro enfrenta uma situação complicada para viabilizar sua candidatura como terceira via, com pouco espaço para crescimento. Na visão desses parlamentares, o cenário ficou ainda pior com a expectativa de que o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro saia candidato pelo Podemos. Além dele e de Ciro, outros que tentam ser alternativa à polarização Lula x Bolsonaro são os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).