O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirmou nesta quarta-feira (20) que as acusações da CPI da Covid
feitas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
são "piada de muito mau gosto" e imitou a risada do pai para mostrar como ele reage aos crimes imputados pelo relatório da comissão. Assista:
Questionado por jornalistas sobre como o presidente vai receber o conteúdo do relatório final, Flávio respondeu:
"Ele receberia da seguinte forma. Conhece aquela gargalhada dele? (imita a risada). Não tem o que fazer de diferente disso. É uma piada de muito mau gosto", disse o parlamentar.
A versão final do relatório que será lida hoje pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI recomenda o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e de outras 65 pessoas.
Flávio também atacou o relator ao dizer que Calheiros "tem ejaculação precoce". "Ele se antecipa até a classe médica. O senador Renan Calheiros já não entende de direito e está provando também que não sabe nada de medicina. A própria classe médica é dividida, por exemplo, no tratamento da doença em estágio inicial".
Pelo texto acordado entre parlamentares do grupo majoritário 'G7', Bolsonaro terá sugestão de indiciamento por dez possíveis delitos, entre eles epidemia com resultado de morte e crimes contra a humanidade, nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos. É a primeira vez na história que uma comissão parlamentar aponta uma lista de crimes tão extensa atribuídos a um presidente da República.
"Esta CPI identifica o Presidente da República Jair Messias Bolsonaro como o responsável máximo por atos e omissões intencionais que submeteram os indígenas a condições de vida, tais como a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar a destruição dessa parte da população, que configuram atos de extermínio, além de privação intencional e grave de direitos fundamentais em violação do direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa, que configura atos de perseguição", diz trecho do documento.
Por acordo, Renan aceitou retirar a acusação de genocídio contra a população indígena, e manteve crimes contra a humanidade no lugar. Ele alega que "a população inteira foi sumetida aos efeitos da pandemia, com intenção de atingir a imunidade de rebanho por contágio e poupar a economia, o que configura um ataque generalizado e sistemático no qual o governo tentou, conscientemente, espalhar a doença".
O relator também manteve na lista três filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), todos por suspeita de incitação ao crime através da propagação de notícias falsas.
Atendendo a um pedido de seus aliados, Renan retirou a previsão de crime por advocacia administrativa contra Flávio por reconhecer que não havia provas suficientes sobre isso.
Após a apresentação do relatório final na sessão da CPI da Covid, há previsão de pedido de vista (mais tempo para análise), por cinco dias. A votação do parecer deve ocorrer na próxima terça-feira.