O ex-deputado federal Cabo Daciolo (sem partido) foi intimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prestar esclarecimentos no inquérito administrativo que investiga a disseminação em massa de informações falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas. O ex-candidato à Presidência pelo Patriota é acusado de insultar a população contra o sistema de voto brasileiro durante as eleições de 2018. A defesa de Daciolo recorre e pede que ele seja excluído do processo.
Em setembro de 2018, um mês antes das eleições, o então presidenciável protocolou uma representação no TSE solicitando a adoção do voto impresso em cédulas. O deputado citava o arigo 59, que estabeleceria que a Corte pode, em casos excepcionais, determinar a votação pelo mecanismo das cédulas em detrimento da votação eletrônica. Na época, Daciolo chegou a fazer uma live para entregar o pedido para a então presidente do TSE, ministra Rosa Weber, que não o recebeu.
Em petição encaminhada ao corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, na última quarta-feira, a defesa pede que Daciolo seja excluído de todo procedimento sobre os ataques antidemocráticos, e alega que o ex-deputado nunca teve intenção de fazer coro ao discurso antidemocrático do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ou o propósito de “espalhar desinformação, fake news ou afetar de forma sorrateira, ilegal o pleito eleitoral”. Segundo o documento, a defesa do voto impresso se deu após acadêmicos, técnicos, cientistas e eleitores veicularem livremente instabilidades durante a votação.
Em outro item da petição, a defesa de Daciolo diz não compactuar com as falas de Bolsonaro, e acusa o atual presidente de promover um “discurso antidemocrático”. “O intimado nunca fez coro com o atual presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro e sua base, no discurso antidemocrático que credita as Instituições que não pertençam ao Executivo, por ele comandado, a responsabilidade direta por irregularidades e fraudes”, diz o texto.
Leia Também
Quem é Cabo Daciolo?
O ex-deputado federal pelo Patriota (RJ), Benevenuto Daciolo, conhecido como Cabo Daciolo, ganhou visibilidade nas eleições de 2018, quando se candidatou à Presidência. A popularidade entre os eleitores se deu pelo famoso jargão “Glória a Deus” do parlamentar, que defende preceitos cristãos. No resultado das eleições, Daciolo obteve 1,26% dos votos válidos e ficou em sexto lugar na disputa, à frente de nomes como Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede) e Álvaro Dias (Podemos).
Em junho deste ano, o ex-deputado disse em entrevista ao portal Metrópoles que tentará novamente o cargo de líder do executivo em 2022. Ele fez críticas aos principais pré-candidatos, o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT), e afirmou que está buscando um partido para disputar o pleito.
A carreira política do político começou em 2014, quando foi eleito deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Devido a divergências ideológicas, Daciolo foi expulso do partido em 2015 e, desde então, já se filiou ao Avante, Patriota e Podemos.