O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, acusado de ser o autor de um documento paralelo que colocava em dúvida o número de mortes por Covid-19 no Brasil , foi afastado por 45 dias pelo Tribunal de Contas da União . A decisão foi publicada em diário oficial interno do órgão.
O documento ganhou relevância após ser utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que chegou a atribuir o material ao TCU. O tribunal, entretanto, negou a autoria do documento e apontou que o relatório era uma "análise pessoal" do auditor.
No material, Marques questiona o número de mortes por Covid-19 em 2020. Em um arquivo de apenas duas páginas, o documento diz, considerando o crescimento médio no número de óbitos registrado ano a ano, as mortes por Covid-19 em 2020 poderiam ter sido 80 mil e não 195 mil.
"'Os outros 115 mil óbitos apontados como consequências da pandemia podem ter, na verdade, outras causas mortis, ainda que eventualmente os de cujus fossem portadores da Covid-19 quando do seu falecimento', diz um trecho do documento", escreveu Alexandre.
Em razão de sua participação, Alexandre chegou a prestar depoimento na CPI da Covid.
Ao ser afastado por 45 dias, o auditor foi apontado por ter infringido alguma das regras que servidores públicos devem obedecer. No processo disciplinar a que foi alvo, o TCU considerou que Marques manteve conduta incompatível com a moralidade administrativa e não guardou sigilo sobre assunto interno.
Esta não é a primeira vez que Alexandre chama atenção. Em 2019, ele foi indicado pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, para ocupar uma diretoria do banco. Montezano é amigo de filhos do presidente Jair Bolsonaro . A indicação, porém, não se concretizou porque os ministros barraram a liberação do auditor para o banco. Havia o temor de que sua atuação configurasse um conflito de interesse. O BNDES é um dos órgãos auditados pelo TCU.