Concorrer ao Palácio dos Bandeirantes pelo PSD é o destino mais provável do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que anunciou anteontem que vai sair do PSDB . Embora tenha mantido conversas com siglas de todos os espectros políticos, Alckmin tem dito a pessoas próximas que sua preferência é pela legenda comandada pelo ex-ministro Gilberto Kassab. Na visão dele, o PSD tem mais estrutura e recursos para formar uma chapa com outros partidos e reunir adversários do governador João Doria (PSDB).
O convite para Alckmin ser candidato pelo PSD foi feito por Kassab mês passado na casa do ex-governador. De acordo com aliados, a chapa ideal para Alckmin seria reeditar a dobradinha com Márcio França (PSB), que foi vice-governador na última gestão do tucano. Amanhã, Alckmin e França devem comparecer à comemoração do aniversário de 61 anos de Kassab.
O entorno de Alckmin acredita que a dupla teria vantagem frente ao vice-governador Rodrigo Garcia, que nunca concorreu a uma eleição ao governo estadual, e que recentemente deixou o DEM para ser o indicado por Doria pelo PSDB.
Alckmin já venceu três corridas ao governo de São Paulo e aparece bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto. França, por sua vez, ficou em terceiro na eleição municipal de 2020 e foi derrotado por Doria no segundo turno dois anos antes. A estratégia seria aliar o recall de votos dos dois.
Uma das possibilidades avaliadas é ter ainda nesta coligação o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que disputaria o Senado. Skaf, porém, tem evitado dar declarações sobre eleições e afirmado que só falará de política após a pandemia.
Sem ligação com Lula
rança chegou a convidar Alckmin a migrar para o PSB. No entanto, uma ida para um partido alinhado à esquerda e que pode apoiar o ex-presidente Lula o desanima. Alckmin recebeu convites do Podemos e PSL.
A segunda opção do ex-governador é o DEM. Embora o presidente nacional do partido, ACM Neto, diga publicamente que o partido está de portas abertas, o diretório estadual é controlado pelo deputado Alexandre Leite, filho do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite. Aliado do vice-governador Rodrigo Garcia, Milton Leite não quer abrir mão do controle da sigla no estado, dizem pessoas próximas. Procurado, Leite não retornou os contatos do GLOBO ontem.
O maior desafio para uma candidatura a governador de Alckmin, no entanto, não é romper a sua ligação com o partido que ajudou a fundar, em 1988, nem montar uma rede de apoio em torno da sigla que escolher. Segundo pessoas próximas, ele precisa ainda convencer a mulher, Lu Alckmin de sua candidatura. Ela gostaria de dedicar mais tempo aos sete netos do casal e à família, cuja maior parte mora no interior do estado.