A quebra de sigilo da Rádio Jovem Pan não será mais votada pela CPI da Covid. O requerimento, assinado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), saiu da pauta nesta terça-feira. A informação foi confirmada ao GLOBO pela assessoria do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
"Independente, de linha editorial de jornal, TV, rádio, nós não podemos nos permitir cercear o pensamento das pessoas. Podemos discordar, mas não podemos retalhar. (...) Não deveria nem ter entrado (na pauta de votação)", disse Omar.
Renan acabou removido da ideia. Logo em seguida, posicionou-se contra a quebra de sigilo, cuja possibilidade havia sido levantada na linha que investiga desinformação sobre a Covid-19. Para o senador, a questão foi um equívoco:
"Da minha parte, nada que possa respingar na liberdade de expressão vai ter a minha aceitação. Esse foi um posicionamento histórico que eu sempre tive e essa, sobretudo, é uma oportunidade para reafirmá-lo. Eu queria, sem saber de quem é a culpa, pedir desculpas pelo o que aconteceu", declarou o relator.
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Na véspera da retomada dos trabalhos na comissão, causou desconforto entre os membros da CPI um requerimento apresentado por Renan Calheiros pedindo a quebra de sigilo da Rádio Jovem Pan. O ato foi repudiado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Em nota, a Abert criticou a iniciativa por "não apontar qualquer dado ou informação concreta que justifique a adoção de medida extrema contra uma emissora que está no ar há quase 80 anos". Na justificativa, por sua vez, Renan alega que "a quebra e a transferência dos dados ora solicitados permitirão delimitar os exatos contornos da participação da pessoa supraqualificada junto ao dito 'gabinete do ódio'".
De acordo com senadores e auxiliares ouvidos pela reportagem, Renan não consultou os aliados sobre a iniciativa. Até mesmo Humberto Costa (PT-PE), que consta no sistema da CPI como responsável pela apresentação do texto, afirmou a pessoas próximas que ficou descontente com a situação.
Ainda assim, Renan insistia em manter a proposta até a noite de segunda-feira, mesmo diante da possibilidade de perder a votação por falta de apoio. O assunto foi debatido durante a reunião semanal na casa de Omar Aziz.