Presidente afastado do Patriota , Adilson Barroso confirmou ao GLOBO nesta quarta-feira que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desistiu de se filiar ao partido, que vive uma disputa interna, para concorrer à reeleição nas eleições presidenciais de 2022. A decisão ocorreu após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) validar a convenção nacional do partido que afastou Barroso da presidência da sigla por 90 dias.
"Na mão de quem o partido está, ele não vai (para o Patriota) e, do jeito que está andando na Justiça, não vai dar tempo de reverter. Para trazer o presidente para o partido, está ficando tarde. Ele já está trabalhando e negociando com outros partidos. Não conto com isso mais", disse Barroso ao GLOBO
.
Barroso foi comunicado por interlocutores do presidente que a mudança para o Patriota não se concretizaria mais . Parte da cúpula do partido se aproximou de Bolsonaro quando o senador Flávio Bolsonaro se filiou à legenda em maio deste ano , mas um racha se formou entre seus dirigentes. Flávio já havia admitido sua possível saída da sigla, mas ainda tratava publicamente o Patriota como opção.
O prazo para filiação a tempo das próximas eleições vai até abril de 2022. Bolsonaro tem buscado alternativas. Entre as legendas em negociação estão PP, PL e Republicanos.
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O Patriota é atualmente comandado pelo vice-presidente Ovasco Resende, que lidera a ala contrária a mudanças no partido para receber Bolsonaro. Segundo o grupo de Resende, Barroso estaria negociando "individualmente" a filiação do presidente da República e quebrando regras do estatuto da legenda.
A decisão do ministro Edson Fachin confirmou a deliberação de uma convenção do Patriota do dia 24 de junho, que havia determinado o afastamento de Adilson Barroso para abertura de procedimento disciplinar contra ele por ter feito mudanças no diretório nacional da sigla e aprovado uma alteração estatutária sem o quórum necessário.
Barroso afirma que a convenção não tem validade, que não pode ser afastado ou ter mandato cassado por querer filiar Bolsonaro e tenta reverter a decisão. Ele diz que, se recuperar o comando do Patriota, pretende apoiar Bolsonaro em 2022, esteja o presidente filiado a qualquer partido:
"Se eu conseguir que se faça justiça, mesmo com o presidente filiado em outro partido estarei de unha e dente para ajudá-lo. Sempre fui defensor das mesmas ideias".