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Os partidos contrários à adoção do voto impresso no país seguem fazendo alterações na comissão especial que trata do assunto na Câmara. Após pressão de seu partido, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) anunciou nesta quinta que deixa esse colegiado. No lugar de Aécio, a sigla indicou o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ), contrário à proposta.
O presidenciável derrotado nas eleições presidenciais de 2014, que recorreu à Justiça Eleitoral suspeitando de fraude na vitória de Dilma Rousseff, defende a adoção do voto auditável já nas eleições de 2022, em pelo menos 3% das urnas eletrônicas. A decisão de Aécio, somada a outras defecções na comissão, pode ser uma pá de cal nas pretensões do Palácio do Planalto em aprovar a proposta.
O deputado, em nota, demonstrou sua indignação com a posição do presidente de seu partido, Bruno Araújo, que anunciou ser contrário ao voto impresso. Aécio afirmou que essa era uma bandeira do partido. "Surpreendeu-me que o partido tenha, agora, pela voz do nosso presidente, sem debate mais profundo na legenda, passado a defender posição oposta àquela defendida pelo partido até pouco tempo atrás", afirmou Aécio Neves.
Várias alterações feitas por partidos na composição da comissão nas últimas semanas mudaram a tendência de votação, que era favorável ao voto impresso. Após anúncio coletivo de onze presidentes de partidos, entre os quais Araújo, o cenário mudou. Deputados a favor dessa emenda à Constituição foram trocados e, agora, essa movimentação atingiu Aécio.
A votação do relatório de Filipe Barros (PSL-PR), favorável ao voto impresso, foi adiada duas vezes. A razão é a falta de consenso e a derrota anunciada. O presidente da comissão, Paulo Martins (PSC-PR), é favorável à proposta, mas reconhece não ter maioria mais no colegiado.
Aécio Neves disse ainda que o debate sobre o aprimoramento das urnas eletrônicas está "extremado", de um lado o governo federal e de outros que não aceitam qualquer mudança no atual sistema de votação. Também na nota, o parlamentar cutucou lideranças de seu partido, que, poucos anos atrás, defendiam o voto impresso.
"Em 2015, o PSDB comunicou formalmente à população, pela voz de alguns de seus principais líderes, o resultado de estudo conduzido por renomados especialistas na matéria que as urnas eletrônicas eram não auditáveis e se posicionou, pela unanimidade de seus deputados e senadores presentes, pela derrubada do veto da ex-presidente Dilma e, portanto, pela introdução do voto auditável de papel acoplado à urna eletrônica", afirmou.