Sob pressão internacional para reduzir o desmatamento da Amazônia, e em meio a aumentos recordes na destruição da floresta nos últimos meses, o governo federal prepara ações para rebater críticas à sua política ambiental. O vice-presidente Hamilton Mourão fará uma nova viagem com embaixadores para a região, enquanto o governo planeja uma campanha publicitária para divulgar ações contra o desmatamento.
Há duas semanas, foi iniciada uma nova operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia, a terceira no governo de presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, houve um "aumento significativo" no desmatamento após o fim da última GLO, em maio, e o objetivo do retorno dos militares é alcançar uma redução de até 12% no índice anual de desmatamento, que será fechado neste mês.
A Vice-Presidência organiza para o fim de agosto uma viagem com chefes de missão diplomática para a Amazônia Oriental, que abrange Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins. No ano passado, Mourão já realizou uma viagem com embaixadores para a região, mas visitou apenas o Amazonas, na chamada Amazônia Ocidental. O objetivo dessas viagens é mostrar o trabalho que tem sido feito na região para diminuir as críticas internacionais à gestão ambiental brasileira.
Apesar dos convidados elogiarem a iniciativa, a primeira viagem não foi suficiente para conter todos os questionamentos. A encarregada de negócios da embaixada do Reino Unido, Liz Davidson, disse na época, por exemplo, que faltou visitar áreas mais afetadas pelo desmatamento — que estão justamente na parte oriental da floresta. O embaixador da Alemanha, Heiko Thomas, afirmou após a viagem que "boas intenções não são suficientes por si só".
Em paralelo a isso, o Conselho da Amazônia e o Ministério das Comunicações planejam uma campanha publicitária para combater o que consideram como "desinformação" e para apresentar "dados confiáveis" do combate ao desmatamento na floresta. A avaliação do governo é de que a cobertura da imprensa, nacional e internacional, não estaria representando com exatidão a situação na Amazônia, e a ideia é divulgar as ações do governo e os resultados alcançados por elas.
Também há a intenção de distribuir conteúdos nos 26 municípios, de quatro estados, onde a GLO se concentrará, com o objetivo de desincentivar crimes ambientais.
A política ambiental é um dos maiores focos de críticas do exterior do governo Bolsonaro. A pressão, que vinha principalmente da Europa nos dois primeiros anos de governo, foi intensificada neste ano com a chegada de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos. O governo espera que a saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente, ocorrida no mês passado, ajude a diminuir a cobrança e melhore o diálogo.