Jair Bolsonaro
O Antagonista
Jair Bolsonaro

Enquanto o  presidente Jair Bolsonaro repete que só decidirá se será ou não vacinado contra a Covid-19 depois que o “último brasileiro” for imunizado, a maioria dos principais líderes mundiais dá outro tipo de exemplo: receberam a vacina em público, para incentivar as pessoas a fazerem o mesmo.

Entre os 12 países da América do Sul (excluindo a Guiana Francesa), todos os chefes de Estado já receberam ao menos a primeira dose, com exceção do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. “Marito”, como é chamado por Bolsonaro, repetiu seu colega brasileiro e será o último a se imunizar, de acordo com o ministro da Saúde paraguaio, Julio Borba.

Nos países do G-20, 15 líderes se vacinaram publicamente, três divulgaram ter se vacinado e apenas um não afirmou se já foi imunizado ou se pretende ser: o presidente da China, Xi Jinping.

Alguns deles foram os primeiros a serem vacinados em seus países, enquanto outros esperaram sua vez de acordo com os critérios de idade. Para além do incentivo à vacinação de forma geral, em alguns casos houve a tentativa de dar credibilidade a imunizantes que haviam sido questionados, como fez o presidente da Argentina, Alberto Fernández, ao receber a Sputnik V.

Além do imunizante russo, líderes mundiais receberam doses da AstraZeneca, CoronaVac, Covaxin, Pfizer e Sinopharm.

As declarações e atitudes de Bolsonaro sobre a vacina têm um efeito prático: de acordo com pesquisa Datafolha realizada em março, o índice daqueles que não pretendiam se vacinar era maior entre os que confiam sempre nas falas do presidente (18%) do que entre a população em geral (9%).

Em depoimento na CPI da Covid na última quinta-feira, a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) Francieli Fantinato afirmou que deixou o cargo devido à “politização” da vacinação feita pelo “líder da nação”.

Também há reflexos no ministério: em abril, sem saber que era gravado, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que tomou vacina “escondido” porque a “orientação era não criar caso”. Na mesma declaração, disse que tentava convencer Bolsonaro a se vacinar, porque a vida do presidente “corre risco”.

Enquanto Bolsonaro diz que as vacinas são “experimentais”, que a contaminação é “mais eficaz” para produzir a chamada imunização de rebanho, e alerta para possíveis efeitos colaterais, outros governantes recomendam enfaticamente que a população tome a vacina.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse, por exemplo, que “não há nada para se preocupar”.

"Não quero furar fila, mas quero ter certeza de que mostraremos ao povo americano que é seguro tomar (vacina)", disse Biden ao ser imunizado, em dezembro, antes da posse.

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, afirmou que não poderia recomendar a vacina de forma mais enfática: "Quando vocês receberem notificação para tomarem a vacina, por favor façam isso. É o melhor para você, para sua família e para todos os outros".

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