Anthony Garotinho
Divulgação/ Facebook
Anthony Garotinho

O diretório do PSL no Rio de Janeiro reformulou seu comando nesta terça-feira com a chegada de novos nomes à sigla. O prefeito de Belford Roxo, Waguinho, deixou o MDB para assumir a presidência estadual do partido. A  deputada federal Clarissa Garotinho (PROS-RJ) também sinalizou sua ida à legenda assim que for possível, já que ela depende da janela partidária para fazer a migração e não perder o mandato. A mudança de Clarissa para o PSL abre caminho para que o  ex-governador Anthony Garotinho também se filie ao partido.

Junto com os três, também devem migrar para o PSL a deputada federal Daniela do Waguinho e o deputado estadual Márcio Canella, ambos do MDB. Canella já foi presidente estadual do PSL,antes da eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Para mudar de partido, Clarissa, que hoje é filiada ao PROS, vai entrar com um pedido no Superior Tribunal Federal (STF) alegando mudança drástica no estatuto da legenda — essa é uma das brechas que permite a migração de um deputado sem que seja punido por infidelidade partidária. De acordo com a parlamentar, o PROS rompeu com seu regimento ao retirá-la da presidência estadual do partido no Rio, em março. Ela foi substituída no cargo pelo suplente de deputado federal Jimmy Ferreira.

Segundo Clarissa, Garotinho deve se filiar ao PSL, mas antes precisa resolver pendências com a Justiça Eleitoral. O prazo para que o ex-governador, que hoje está no PRP, troque de partido é até abril do ano que vem.

"Ele [Garotinho] está resolvendo juridicamente os problemas que ele teve na última eleição. Foi uma grande covardia, porque o processo que o deixou inelegível foi um processo de calúnia, onde ele não teve oportunidade de defesa, pois o advogado dele perdeu o prazo. Se ele estiver em condições de disputar as eleições, a gente espera que sim, ele também vai se filiar ao PSL", diz Clarissa.

Em 2018, Garotinho foi barrado pelo TSE de concorrer ao governo do Rio devido a uma condenação em segunda instância contra ele por improbidade administrativa no Tribunal de Justiça do estado. Nesta terça, o ex-governador divulgou uma nota nas redes sociais afirmando que, nos próximos dias, tomaria “decisões políticas que podem deixar alguns seguidores e companheiros políticos um tanto quanto perplexos”.

"A decisão de ir para o PSL é uma questão tática, estratégica. O partido tem um bom tempo de TV e, por ser um dos maiores da Câmara, tem acesso a um grande fundo partidário e eleitoral. Além disso, o que me deixou confortável de ir para o PSL é que o partido liberou os diretórios estaduais a apoiarem o candidato à Presidência que quiserem caso eles não tenham um candidato próprio", explicou o ex-governador ao GLOBO.

Segundo Garotinho, ele ainda não decidiu para qual cargo deve concorrer no ano que vem, caso resolva suas questões judiciais. Ele deixa em aberto a corrida para o governo, assim como para deputado federal ou senador, embora sua família prefira que ele tente a Câmara Federal.

Caminho para um novo partido
Tanto Garotinho quanto Clarissa conversaram com outros partidos antes de chegar ao PSL. Na publicação feita nesta terça-feira, o ex-governador falou sobre sua tentativa fracassada de voltar ao PDT.

“Todos sabem, porque já foi amplamente divulgado, que por diversas vezes tentei voltar ao PDT, pois a doutrina trabalhista é aquela que inspira minha vida política. Embora esse fosse o desejo de Brizola, manifestado várias vezes antes de sua morte, o partido caiu nas mãos de Carlos Lupi, que transformou aquele que poderia ser um grande partido de massas e de quadros técnicos em um cartório onde administra seus acordos e desejos pessoais”, escreveu.

A família Garotinho também tentou migrar para o PSD, legenda pela qual o filho do ex-governador, Wladimir Garotinho, foi eleito para a prefeitura de Campos. A ponte para ingressar o partido era o deputado federal Hugo Leal, e havia uma promessa de que Clarissa teria uma reeleição certa no ano que vem, além do oferecimento de uma maior participação da legenda na prefeitura de Campos.

No entanto, com o aumento da influência no PSD do prefeito do Rio, Eduardo Paes, desafeto do ex-governador, as tratativas de migração foram frustradas.

Apesar da ida de Clarissa e Garotinho ao PSL, eles não devem ser, por ora, acompanhados por Wladimir nem pela ex-governadora e esposa de Garotinho, Rosinha.

Presidência do PSL no Rio
Na procura de um novo partido, Clarissa e Garotinho haviam recebido a promessa de abrigo no PSL de Waguinho, que assume agora a presidência estadual da legenda. O cargo já era almejado pelo prefeito de Belford Roxo, que via no ex-partido do presidente Jair Bolsonaro uma grande oportunidade de ascender politicamente devido ao acesso a recursos partidários e tempo de TV.

Waguinho já havia tentado assumir a presidência do PSL no Rio negociando diretamente com a direção do partido no estado. Ele, no entanto, encontrava resistência justamente com o então ocupante do cargo, o deputado federal Sargento Gurgel. Ambos tiveram desentendimentos recentes.

Desta vez, o ex-policial aceitou a mudança visando a corrida eleitoral do ano que vem. A ida de Waguinho ao PSL fortalece a candidatura à reeleição do governador do Rio, Claudio Castro (PL), aliado do prefeito de Belford Roxo. Castro vem tentando se consolidar como o candidato do presidente Bolsonaro no Rio e busca apoio em prefeitos da Baixada Fluminense e demais municípios fluminenses.

A ideia agora é que Gurgel assuma a vice-presidência do PSL no estado e a presidência do partido na capital fluminense.

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