O policial militar (PM) da ativa e representante comercial Luiz Paulo Dominguetti , que depõe nesta quinta-feira, 1º de julho, na CPI da Covid afirmou que o deputado federal Luís Miranda (DEM) tentou negociar vacinas com a Davati Medical Supply e exibiu um áudio no plenário do Senado para defender seu argumento. Entretanto, não fica claro, no áudio, se o deputado fala de vacinas e da Davati.
A Polícia do Senado inspeciona o celular de Meneghetti para apurar se o áudio exibido pelo depoente diz respeito à negociação de vacinas por parte do deputado Luís Miranda. Veja abaixo.
Durante o depoimento, Dominguetti foi questionado sobre quem seria o militar que teria participado da negociação para a compra das vacinas oferecidas pela Davati. Ao ser confrontado com uma fotografia do coronel Alexandre Martilelli, Dominguetti reconheceu que era ele quem estava no encontro e teria se apresentado como empresário. Assista abaixo.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SC) apresentou documentos comprovados em cartório que atestam que o áudio de Miranda apresentado por Dominguetti não se tratava de compra de vacinas. Em seguida, ele pede a prisão do depoente, que é negado pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). Veja
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Além de Alessandro Vieira, os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Simone Tebet (MDB-MS) dizem que Dominguetti foi 'plantado' na CPI da Covid para desviar das investigações e tentar incriminar o deputado Luís Miranda, autor de acusações sobre irregularidades do Ministério da Saúde em negociações para a compra da Covaxin.
Rogério Carvalho recuperou algumas postagens antigas de Dominguetti em que o depoente presta apoio e defende medidas do governo Jair Bolsonaro. Veja o vídeo abaixo.
Luís Miranda denunciou à CPI na semana passada um caso de suposta corrupção na compra da vacina indiana Covaxin . Já Dominguetti depõe nesta quinta após denunciar um outro suposto esquema de corrupção, no qual um servidor do Ministério da Saúde, cobraria US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca, em venda intermediada pela Davati. Assista ao vivo:
O áudio exibido por Dominguetti mostra o deputado Luís Miranda falando sobre estar "de saco cheio" e de "muita conversa fiada no mercado". "O meu comprador já está de saco cheio disso, ele vai pedir a prova de vida [sic] antes e a gente não vai fazer negócio. Então, a gente nem perde tempo, porque você sabe que eu tenho um comprador, com um potencial de pagamento, instantâneo, que ele compra o tempo todo, em quantidade menores, obviamente", diz Miranda no áudio.
E continua: "ele mostra a carga, se quiser grava um vídeo, mostra o produto para mim e está tudo certo. Bola para frente, eu mando para o cara mna hora, o cara faz de negócio na hora. O cara tem cliente fixo, entendeu? Ele tem recorrência. Esse é o grande problema desse meu cliente, ele tem recorrência, que jogou os contratos lá de entrega com Walmart, Greens, as redes de restaurantes e alguns hospitais, ele tem recorrência", diz o deputado, sem deixar claro se ele fala realmente de vacinas e da Davati. Veja:
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No início do depoimento, em resposta ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Dominguetti também reafirmou a proposta de um suposto esquema de corrupção, com pagamento de propina de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca, sob representação comercial da Davati.
Segundo o depoente, a proposta inicial era de que a dose da vacina custasse US$ 3,50, a menor do mercado. A Davati ofereceu 400 milhões de doses, mesmo em um cenário de escassez de vacinas. Veja:
Em nota a Davati Medical Supply afirmou que Dominguetti não possui nenhum tipo de vínculo empregatício com a empresa. "Ele apenas intermediou a negociação da empresa com o governo, apresentando o senhor Roberto Dias
. Sobre a denúncia relatada por Dominguetti, de que o Ministério da Saúde teria solicitado uma 'comissão' para a aquisição das vacinas, a Davati afirma que não tem conhecimento", afirmou.
O depoimento de Dominguetti foi antecipado para esta quinta após o cancelamento da oitiva de Francisco Maximiano , empresário representante da Precisa Medicamentos, ligada ao caso de suposta corrupção na compra da vacina Covaxin. Maximiano conquistou o direito de permanecer em silêncio na CPI, com respaldo do Supremo Tribunal Federal (STF) .