Cópias de emails trocados entre o governo federal e a Pfizer , obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostram que o gabinete do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acusou recebimento, no dia 14 de setembro, de uma carta da farmacêutica americana que reiterava propostas de venda de doses da vacina contra Covid-19 . O governo só voltaria a negociar com a Pfizer no dia 9 de novembro, dois meses depois, por intermédio do então secretário de Comunicação da Presidência (Secom) Fábio Wajngarten, segundo relato do próprio à CPI da Covid .
O email do dia 14 de setembro, assinado pela chefe do gabinete adjunto de gestão interna da Presidência da República, Aida Iris de Oliveira, foi enviado à Pfizer dois dias depois de a farmacêutica endereçar uma carta diretamente a Bolsonaro , cobrando resposta sobre uma oferta de vacinas . A oferta mais recente à época, feita pela farmacêutica no dia 26 de agosto, oferecia 70 milhões de doses de vacina, sendo 1,5 milhão para entrega ainda em 2020.
Na resposta à Pfizer, o email assinado pela chefe do gabinete adjunto - subordinada direta ao então chefe de gabinete de Bolsonaro , Pedro Marques de Sousa – faz referência à proposta apresentada pela farmacêutica, no mês anterior, a representantes dos ministérios da Saúde e da Economia e da embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
"Acusamos o recebimento da correspondência s/nº de 12/9/2020, dirigida ao Senhor Presidente da República, informando que sua equipe do Brasil se reuniu com representantes dos Ministérios da Economia e da Saúde, bem como com a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, e apresentou proposta para fornecer potencial vacina contra a Covid-19, que até o presente momento não obteve qualquer posicionamento sobre a referida proposta", diz a resposta do gabinete de Bolsonaro, divulgada primeiramente pelo portal "O Antagonista".
"Pela natureza do assunto, informamos que o referido documento foi encaminhado ao Ministério da Saúde, bem como à Casa Civil da Presidência da República ", completa a resposta.