Na quinta-feira (3), o comandante do Exército decidiu por não punir o ex-ministro e general da ativa, Eduardo Pazuello por participar de ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) . A decisão gerou forte reação entre militares, congressistas, integrantes do Judiciário e organizações da sociedade civil. Com isso, os generais à frente de tropas da Força se viram obrigados a tomar atitudes estratégicas para tentar conter possíveis danos.
Orientações internas serão dadas para que subordinados não participem de atos políticos em geral, nem mesmo nos empreendidos em apoio ao presidente e, em especial, os passeios de motocicleta em capitais, as ' motociatas ', que Bolsonaro quer tornar fixos e periódicos.
A impunidade de Pazuello, após a participação do ato no dia 23 de maio, um domingo, no Rio de Janeiro
, amplia a escalada de contaminação política no Exército. O entendimento é que, diante do caso, não é possível ceder mais, sob risco de não se conter o espraiamento político nas tropas.
Segundo relatos anônimos de comandantes de tropas dados à Folha de S. Paulo, os generais reconhecem o efeito negativo da decisão do comandante, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e admitem o risco de que movimentações políticas se espraiem mais entre comandados.
O Regimento Disciplinar do Exército, vigente por decreto desde 2002, e o Estatudo dos Militares, uma lei em vigor desde 1980, proíbem que militares da ativa participem publicamente de atos de cunho político-partidário.
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O comandante do Exército abriu um processo interno para investigar a conduta do general. Depois de ouvi-lo presencialmente e da apresentação de uma defesa por escrito, Oliveira concluiu que Pazuello não cometeu uma transgressão disciplinar e arquivou o procedimento.
O presidente fez pressão direta ao comandante para que Pazuello não fosse punido. A articulação envolveu o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto.
No começo da semana, Oliveira havia concordado com o apelo do presidente e manifestado essa posição a colegas de farda no Alto-Comando, que reúne 15 generais quatro estrelas, a mais alta patente no Exército.
Por outro lado, a punição de Pazuello era defendida por integrantes do Alto-Comando, veem o caso como uma evidente transgressão disciplinar por parte do general de três estrelas.
Nos encontros virtuais com generais do Alto-Comando, o comandante explicou que se fiaria na ideia de que Pazuello foi chamado ao palanque pelo presidente. Assim, a responsabilidade seria de Bolsonaro, não do general.
Desde terça-feira (1º), eo ex-ministro da Saúde é secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos, vinculada à Presidência da República.