Em depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou nesta quarta-feira que só foi informado sobre a iminência da falta de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro deste ano à noite. A declaração contrasta, porém, com documento do Ministério da Saúde e um pronunciamento de Pazuello. A pasta já apontava risco de colapso na saúde do Amazonas quatro dias antes da data citada por Pazuello e o próprio ex-ministro já afirmou que recebeu no dia 8 de janeiro informações sobre a falta de oxigênio no estado pela empresa White Martins.
Um relatório do ministério, assinado pelo ministro e datado de 6 de janeiro, já apontava, por exemplo, risco de iminente "de colapso do sistema de saúde" do Amazonas em 10 dias. O documento consta em um parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) no inquérito para investigar eventual conduta criminosa de Pazuello em relação ao colapso da saúde pública em Manaus. A PGR narra ainda que a pasta identificou o aumento do número de casos de infectados pela Covid-19 já na semana do Natal de 2020 e optou por enviar representantes da pasta a Manaus em 3 de janeiro.
Pazuello também já havia dito em um pronunciamento que foi informada pela empresa White Martins, fornecedora de oxigênio no Amazonas, da falta do insumo por meio de uma carta enviada no dia 8 de janeiro.
"No dia 8 de janeiro, tivemos a compreensão a partir de uma carta de que poderia haver falta de O2 se não houvesse ações para mitigasse esse problema, mas aquela foi uma surpresa tanto para o governo do estado quanto para nós. Até então o assunto oxigênio estava equilibrado pela própria empresa, mas a velocidade das internações foi muito grande", disse em entrevista no dia 18 de janeiro.
No depoimento à CPI, Pazelllo também afirmou que o estoque de oxigênio hospitalar em Manaus ficou negativo durante apenas 3 dias em janeiro. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse que o ex-ministro estava mentindo e que a carência do insumo durou 20 dias.