O julgamento do impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro
, Wilson Witzel (PSC), começa nesta sexta-feira, 30. O processo pode tornar definitivo o seu afastamento do cargo além de deixa-lo inelegível por cinco anos.
A decisão será tomada a partir de votação do Tribunal Especial Misto, que é formado por deputados e desembargadores. O processo de impeachment foi autorizado em junho de 2020 pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O pedido de impeachment foi protocolado pelos deputados Lucinha (PSDB) e Luiz Paulo (Cidadania), argumentando crime de responsabilidade e corrupção na condução da pandemia de Covid-19. Witzel é acusado de ser beneficiado por um esquema de propina paga por Organizações Sociais (OSs) da área da saúde, no qual a arrecadação teria sido R$ 55 milhões.
A acusação afirma que havia uma “caixinha da proprina”, que recebia de 3% a 7% dos contratos com as OSs, dos quais Witzel ficava com 20%, segundo ex-secretário Edmar Santos.
Além da caixinha da propina, o crime de responsabilidade pelo qual é acusado inclui suspeita de corrupção na contratação do Iabas para construir e gerir sete hospitais de campanha por R$ 835 milhões, sem licitação. Apenas dois hospitais foram entregues.
O governador afastado tentou vários recursos contra o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), mas não teve sucesso. Ele será impeachmentmado caso receba sete votos a favor da decisão. Caso não sofra o impeachment, o governador continua afastado, por decisão do STF.
Witzel nega todas as acusações e afirma que não há nenhuma prova de corrupção, como depósitos em contas ou sinais exteriores de riqueza.
Ele também levantou suspeitas contra o procurador-geral da República Augusto Aras e acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de provocar as investigações contra ele. "Chegou ao meu conhecimento que essa investigação partiu de dentro do gabinete do procurador-geral da República, com aquiescência do presidente da República", afirmou. Bolsonaro, que nega a acusação, deixou de ser aliado de Witzel quando o governador afastado afirmou querer concorrer à presidência.
Sobre a pandemia da Covid-19, Witzel avalia positivamente a sua gestão. Em entrevista à TV Globo disse: "Eu avalio muito positivo. Nós fizemos várias ações. Eu fui o primeiro a adotar as medidas no Brasil. Não perdemos controle nenhum. Nós inauguramos mais de 1.400 leitos desde o dia 15 de março. Quando eu decretei o lockdown, nós tínhamos zero leitos de Covid-19”, afirmou.
Processo criminal
A denúncia dos deputados que abriu o processo de impeachment foi baseada na Operação Placebo, do Ministério Público Federal (MPF), na qual Witzel e a primeira-dama Helena Witzel foram alvos de busca e apreensão, suspeitos de corrupção. A Operação Tris in Idem determinou o afastamento de Witzel em seguida, baseada na delação premiada do ex-secretário de Saúde Edmar Santos. Witzel foi denunciado pelo MPF ao STJ, que aceitou a denúncia e atualmente conduz um processo criminal que pode levar o governador afastado à prisão. Atualmente, ele é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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