Um dos onze membros da CPI da Covid, o senador Otto Alencar (PSD-BA), disse nesta quarta-feira (28) que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) tem tentado "desestabilizar a CPI de todas as formas".
Alencar foi o responsável por abrir a primeira sessão da CPI por ser o parlamentar mais velho da comissão (73 anos). Desde então, disse ele à CNN Brasil, tem recebido ameaças em seu telefone celular.
"Dia 27 de abril eu convoquei a sessão. Daí em diante meu celular recebeu mensagens, ameaças, mais de 500 mensagens de robôs, de pessoas de outros códigos [de área], muitas do Rio de Janeiro, com as coisas mais absurdas na tentativa de intimidação", afirmou.
O senador falou sobre a tentativa dos aliados do governo federal de retirar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) da relatoria da CPI. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) chegaou a enviar um ofício à Justiça que foi aceito, mas a liminar foi suspensa anteontem (26).
Além do pedido de Zambelli, os senadores Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE), também membros da CPI, entraram com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Calheiros.
"Para a minha surpresa três colegas vão ao STF. Também não vai ter respaldo jurídico. O que me chama atenção é a falta de respeito com o colega [Renan]. Não creio que o Supremo vai tomar essa decisão, me parece muito mais um ato cênico para chamar atenção da mídia e da imprensa", disse Alencar.
"O que me chama atenção é esse receio exagerado do governo, quase que uma confissão de culpa pela omissão, pela submissão dos agentes do governo que estavam comandando o Ministério da Saúde. A ciência não se dobra a uma ordem que não seja sintonizada com aquilo que a medicina prescreve. Não pode um profissional de saúde receber determinação, mesmo sendo presidente, de alguém que não conhece a medicina."