Desde que a Operação Lava Jato
chegou ao Supremo Tribunal Federal
(STF), em 2015, o ministro Edson Fachin
já negou pelo menos dez pedidos para que os casos da força-tarefa fossem retirados de Curitiba. As rejeições vão no sentido contrário do que Fachin fez no início desta semana ao aceitar recurso da defesa do ex-presidente Lula
e anular todas as condenações do petista no âmbito da operação.
O ministro Gilmar Mendes , que hoje é um dos principais críticos da Lava Jato na Corte e fala em abusos cometidos tanto por juízes quanto por procuradores, já foi um dos que defendeu que a Justiça Federal do Paraná tivesse superpoderes para desmantelar grandes casos de corrupção. As informações são do jornal Folha de S. Paulo .
As ocasiões em que Fachin votou a favor de manter sob o âmbito da Lava Jato casos que envolveram importantes nomes da política nacional incluem os que envolvem o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB), o banqueiro André Esteves e os ex-ministros do governo federal Guido Mantega (PT) e Geddel Vieira Lima (MDB), por exemplo.
Em 2017, Fachin enviou à 13ª Vara Federal de Curitiba os trechos da delação da JBS que mencionavam Lula e Mantega, sendo que o mesmo ocorreu em relação à delação da Odebrecht contra o ex-presidente.
Na época, o ministro defendeu o envio dos relatos dos colaboradores sobre supostos crimes cometidos pelo petista a Curitiba, mas a maioria da Segunda Turma do STF preferiu remetê-los à Justiça Federal em São Paulo.
A investigação sobre supostas vantagens indevidas recebidas por Aldo Guedes, ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás, na obra da Refinaria Abreu e Lima também teve o mesmo entendimento de Fachin. Mais tarde, porém, o caso foi deslocado para Pernambuco.
Nesta sexta-feira (12), Fachin reiterou que a decisão de anular as condenações de Lula segue entendimento que aos poucos foi adotado pela maioria dos integrantes do STF. O ministro sempre foi um defensor da Lava Jato e tomou a decisão com objetivo de tirar o objeto de um julgamento que colocava em suspeição o juiz Sergio Moro.
Na leitura de Fachin, o resultado contra o ex-juiz poderia abrir uma avenida para que outros condenados na Lava Jato pudessem recorrer de suas condenações.