Em mais um revés para o governador de São Paulo, João Doria, a executiva nacional do PSDB aprovou nesta sexta-feira a permanência do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, no posto por pelo menos mais um ano. Doria também desejava o posto, segundo aliados. A decisão foi referendada numa reunião virtual.
A prorrogação do mandato de Araújo foi colocada à mesa após o grupo político de Doria aventar a possibilidade de assumir o comando do partido, postular sua candidatura a presidente em 2022 e afastar o deputado mineiro Aécio Neves, um antigo desafeto.
O movimento do governador de São Paulo deixou claro que ele está distante de obter apoio unânime no PSDB. A proposta de recondução de Araújo na chefia da sigla foi feita pelos diretórios regionais do partido — inclusive com a chancela de São Paulo, na tentativa de acalmar os ânimos — , e teve o aval de parte da bancada federal e de todos os sete senadores da sigla.
A ofensiva de Doria aconteceu após uma crise atingir o PSDB desde a eleição da Câmara dos Deputados, na semana passada, quando parte da bancada contrariou o apoio formal do partido e votou em Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. O movimento de Doria sofreu forte reação interna após o assunto vir à tona numa reunião na segunda-feira com alguns líderes da sigla, no Palácio dos Bandeirantes.
Além de ver o seu movimentado frustrado, Doria ainda viu surgir um contraponto à sua candidatura com uma ala adversária do partido que passou a incentivar Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, a entrar na disputa pelo posto de presidenciável.
Pelo menos 13 dos 31 deputados da bancada do PSDB e um senador foram almoçar com Leite nesta quinta-feira, em Porto Alegre, e pediram ao governador para que se coloque em campo como pré-candidato e passe a viajar outros estados. Leite aceitou o convite.
O nome de Leite costuma ser citado ao lado de Doria pelo presidente Fernando Henrique Cardoso como entre as candidaturas mais fortes do PSDB para 2022. Nesta quinta-feira, Doria se reuniu com o ex-presidente. Segundo aliados, o encontro foi uma tentativa de baixar a poeira, já que o ex-presidente costuma pregar unidade na sigla.