O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta terça-feira a possibilidade de que parlamentares idosos e com comorbidades possam votar de forma remota na eleição para a Mesa da Casa. A questão será definida na próxima segunda-feira, após análise dos riscos diante da pandemia. Aliados de Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro, são contra qualquer forma de escolha virtual. Já Maia, aliado de Baleia Rossi (MDB-SP), considera "mais seguro" dar a alternativa de votação por aplicativo.
"Claro que a votação será presencial (para quem não é do grupo de risco). Já estamos organizando as urnas para que sejam colocadas no salão nobre e salão verde (locais amplos da Câmara), para que o espaçamento seja garantido, e na reunião de segunda vamos discutir se cabe algum corte em relação àqueles do grupo de risco e se podem ou não votar de forma remota", disse Maia.
O presidente da Câmara avalia que é melhor ouvir especialistas da área de saúde antes de o martelo ser batido.
"A minha opinião é que deveríamos ouvir cientistas ou pessoas que estão diretamente ligadas ao enfrentamento ao coronavírus, ter um ou dois pareceres da diretoria médica da Câmara. E propor se os que estão no grupo de risco poderiam ou não votar de forma remota."
Maia, a quem cabe discutir e deliberar em conjunto com a Mesa, disse que a segunda onda da pandemia está provocando mais mortes e necessidade de internação.
"Essa é uma decisão que a Mesa deve tomar. A preocupação é para que amanhã nenhum de nós seja responsabilizado pela morte de um colega deputado ou funcionário da Câmara. Seria o mais seguro."
Desde que o presidente da Câmara passou a considerar a hipótese de votação remota, aliados de Lira levantam dúvidas sobre a segurança do pleito. O próprio Lira já disse que está preocupado com a possível ação de hackers. Parlamentares também colocam em xeque o sigilo do voto se o método for adotado. Além disso, o adversário de Baleia Rossi tem questionado a "falta de transparência" da presidência de Maia.
Irritado diante dos ataques, Maia ironizou o adversário, sugerindo a hipótese de votação aberta. Para a escolha da presidência, segundo as regras estabelecidas pela legislação, a votação é secreta.
"Se todos os candidatos quiserem ou entenderem, os partidos políticos principalmente, que o voto pode ser aberto, quem sabe não pode ser um debate, para que não paire dúvida sobre a transparência do meu trabalho nos últimos anos? (Meu trabalho) ficou sendo questionado, eu estaria querendo fazer votação remota para me beneficiar. Então, quem sabe não possamos fazer uma votação aberta? Pode ser um debate. Eu não defendo. Acho que deve ser fechado."
Maia citou ainda o pleito de Bolsonaro sobre o voto impresso para criticar Lira. "O agentes de Bolsonaro já estão em campanha pelo voto impresso já, com carreatas e caravanas a Brasília no dia da eleição, pedindo voto impresso já. Certamente apoiando o candidato do presidente (Lira), então quem sabe (podemos ter) o voto aberto?"