retrospectiva 2020
Arte/iG

Retrospectiva 2020

O ano de 2020 para o presidente Jair Bolsonaro  (sem partido) foi marcado não apenas pela pandemia de Covid-19, mas também por frases e polêmicas que vão de encontro à democracia. O iG vai relembrar as vezes em que o presidente flertou com o autoritarismo. Confira: 

22 de Maio  

Em agosto deste ano, a revista Piauí publicou uma matéria revelando um suposto plano do presidente em intervir no Supremo Tribunal Federal (STF), configurando assim um golpe militar. Segundo o texto, a ambição antidemocrática do presidente ocorreu no dia 22 de maio. 

A reportagem ouviu quatro fontes, dentre elas duas pessoas que participaram do encontro com o presidente, que confirmaram que, durante uma reunião, o presidente, apoiado pelos ministros militares Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, afirmou: "vou intervir!".  

Presidente Jair Bolsonaro
Marcos Corrêa/PR
Presidente Jair Bolsonaro

O motivo seria o descontentamento e irritação de Bolsonaro em relação a uma conversa que ocorreu entre o decano Celso de Mello, do STF, e a Procuradoria-Geral da República sobre a decisão de mandar apreender ou não os celulares do presidente e do seu filho Carlos Bolsonaro.

Apesar das falas do presidente, ministros o alertam sobre as consequências que uma possível invasão ao STF causaria no país. Com isso, a reunião caminhou para achar uma solução mais jurídica para o problema. “Não é momento para isso!”, afirmou o general Heleno.

A ideia do golpe foi descartada pelos ministros durante a reunião com base em dois argumentos: não havia ordem de apreensão do celular do presidente, apenas uma consulta foi feita e logo depois Celso de Mello arquivou o pedido, e ficou combinado que o ministro Augusto Heleno seria responsável por redigir uma nota pública de resposta ao STF sobre os supostos excessos. 

“O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional", dizia a nota.

Reunião ministerial do dia 22 de abril

No dia da reunião ministerial, que posteriormente foi divulgada à imprensa por conta da polêmica envolvendo a possível interferência na PF, Bolsonaro falou que tem o desejo de  armar a população e interferir em ministérios caso seja necessário.

"Eu quero todo mundo armado! Que povo armado jamais será escravizado. E que cada um faça, exerça o teu papel. Se exponha", afirmou.

Sobre a interferência nos ministérios, Bolsonaro disse: "Eu tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção. Nos bancos eu falo com o Paulo Guedes, se tiver que interferir. Nunca tive problema com ele, zero problema com Paulo Guedes. Agora os demais, vou! (...) E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô! Não é ameaça, não é uma...extrapolação da minha parte. É uma verdade".

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Dia da Independência

No dia da independência do Brasil, no dia 7 de setembro,  Jair Bolsonaro voltou a flertar contra a democracia. Na ocasião, durante um discurso em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente defendeu e relativizou a ditadura militar, a qual se referiu apenas como um período que “salvou” o país do comunismo.  

Bolsonaro em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV no dia da Independência
Reprodução/Youtube
Bolsonaro em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV no dia da Independência

Sem mencionar a repressão da ditadura militar a opositores, Bolsonaro destacou que, nos anos 60, "quando a sombra do comunismo nos ameaçou", milhões de brasileiros foram às ruas "contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada". Ele também disse que "o sangue dos brasileiros sempre foi derramado por liberdade”.

Apologia à tortura

O presidente Jair Bolsonaro, que é um admirador da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985, disse recentemente, no dia 19 deste mês, que o ex-chefe de um centro de prisão e tortura do regime tratou os presos políticos  "com toda a dignidade".

"Não era preso político, não, (os) terroristas eram tratados no DOI-Codi (o centro de detenção da ditadura) de São Paulo, com toda a dignidade, inclusive as presas grávidas", disse em uma entrevista realizada por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.

A frase era direcionada ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe da repressão no início dos anos 1970 e acusado de cerca de 70 mortes e desaparecimentos, segundo dados da Comissão Nacional da Verdade. 

Guerra contra os Estados Unidos 

O presidente também se envolveu em polêmicas contra o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e que pode ter consequequências negativas para a democracia nacional. 

Bolsonaro afirmou, no dia 10 de novembro, que, se acabasse a saliva,  "tem que ter pólvora", ao se referir às possíveis conversas sobre a preservação da Amazônia com o presidente Joe Biden. A frase, em tom de ameaça, não caiu bem entre membros do governo e com a população. 

"Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de estado dizer que se não apagar o fogo da Amazônia, vai levantar barreira comercial contra o Brasil. Apenas diplomacia não dá. Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo", disse Bolsonaro.




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