Deputado federal Arthur Lira (PP-AL)
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Deputado federal Arthur Lira (PP-AL)

Com o atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) fora da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados , Arthur Lira (PP-AL) passou a buscar o apoio de partidos de esquerda. Nesta segunda-feira, Lira, cuja candidatura é a preferida do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), encontrou-se com o vice-presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e com deputados federais pernambucanos. Amanhã, Lira tem reunião agendada com a bancada do PCdoB, em Brasília.

O foco de Lira é obter o apoio de 30% dos deputados de esquerda para sair vitorioso na disputa, conquistando votos de políticos de legendas como PSB, PDT e até PT. O discurso já está ensaiado e decorado. Lira tem dito que apoia as pautas econômicas do Planalto, mas que, na Câmara, nunca votou a favor de pautas polêmicas de costumes tidas como conservadoras. Um aliado afirma que Lira deixa claro nas conversas que não será "capacho de Bolsonaro".

Para tentar angariar o apoio da esquerda, Lira também tem dito que, se eleito presidente da Casa, vai ouvir o colégio de líderes para tomar decisões sobre matérias que entrarão na pauta. O deputado tem criticado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) o acusando de centralizar essas escolhas. O objetivo com o discurso é enfraquecer a influência de Maia junto à esquerda, tendo em vista que, hoje, a maior parte da oposição a Bolsonaro está inclinada a votar no candidato que o atual presidente da Câmara apoiar.

Com cerca de 130 deputados dos 513 da Câmara, a esquerda é considerada peça-chave na disputa. Mas, para isso, tem que mostrar unidade, alinhando votos para costurar acordos que possibilitariam cargos na mesa diretora da Casa e o compromisso do futuro presidente do parlamento de votar - ou não votar — pautas consideradas importantes para o campo político. No entanto, essa unidade da esquerda parece longe de se formar, com partidos planejando movimentos diferentes.

Maior legenda da Casa, o PT apoiará um bloco e está disposto a ouvir as propostas de Lira.

"Queremos participar de um bloco. Não teremos candidatura de oposição. Vamos ouvir o Lira e os candidatos apoiados pelo Rodrigo Maia", disse Enio Verri (PT-PR), líder da bancada em Brasília.

O PDT, por sua vez, não vê com bons olhos a candidatura de Lira e nem a de outros nomes que se colocam no pleito, como Baleia Rossi (MDB-SP) e Luciano Bivar (PSL-PE).

"Os nomes que estão colocados até agora têm muita dificuldade de penetrar no nosso campo. Estamos avaliando a possibilidade de apoiar o lançamento de outro nome, que pode ser de esquerda ou até mesmo do Centrão", disse o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

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Ideia semelhante tem Jandira Feghali (PCdoB-RJ), apesar de reconhecer a dificuldade de derrotar os candidatos que já estão se articulando.

"Uma candidatura da oposição no primeiro turno é difícil, mas pode aparecer. Se ela tiver amplo apoio da esquerda, mostraria força e unidade para uma negociação no segundo turno, na qual o candidato se comprometeria com pautas importantes para o país."

Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, por sua vez, segue a linha de compor com um bloco já existente.

"Diferentemente de outros momentos da política nacional, avalio que agora não há espaço para o lançamento de uma candidatura de esquerda. Estamos ouvindo e examinando os candidatos que já se apresentaram. Ressalto que, se algum nome de esquerda decidir se lançar, tem o meu respeito, mas não acredito que haja viabilidade."

Já no PSOL está alinhavado o lançamento de uma candidatura própria.

"A candidatura própria é uma tradição que, pelas conversas, ao que tudo indica, vai se manter no PSOL. Não há hoje nenhum nome para a presidência da Câmara que represente os ideais do PSOL", disse o deputado federal Marcelo Freixo, afirmando, contudo, que o nome do partido ainda não foi definido.

Integrante da direita, Luciano Bivar (PSL-PE) também tem procurado a esquerda.

"O apoio da oposição é fundamental na eleição à presidência da Câmara. E tenho deixado claro que não serei um presidente nem a favor nem contra o governo - disse Bivar, que afirmou que só não vai se lançar candidato se um outro nome de centro ou centro-direita mostrar ter mais viabilidade."

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