Acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, e monitorada por uma tornozeleira eletrônica desde o último dia 8 de outubro, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) ainda corre o risco de perder o mandato se o processo de cassação aberto contra ela avançar na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Porém, os colegas da parlamentar se mostram propensos a evitar que tal futuro se concretize.
Segundo informações do jornal Correio Braziliense, diversas manobras estão sendo articuladas, tanto na Câmara quanto no Senado, para que as reuniões do Conselho de Ética e de outros colegiados sejam adiadas, o que paralisa qualquer análise do caso de Flordelis . A justificativa segue sendo a pandemia da Covid-19, mas há outros fatores que também influenciam na decisão.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia , deve tentar realizar a votação sobre a retomadas das atividades na próxima semana, projetando a rebartura das comissões de Constituição e Justiça, Financas e Tributação e Fiscalização Financeira e Controle. Porém, assim como ocorreu no último dia 9, a expectativa é de que os deputados não cheguem a um acordo e tudo siga como está.
Ainda de acordo com a publicação, a volta aos trabalhos no Conselho de Ética é um tema que desagrada os parlamentares acusados de quebra de decoro e também de seus aliados. Em nota, presidente do colegiado, Juscelino Filho, citou uma "obstrução" por parte do chamado Centrão, que teria definido pela continuidade da paralisação até que o impasse em torno da presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO) fosse resolvido.
Com isso, apesar de ser o item prioritário na agenda da Comissão de Ética, principalmente após a decisão da Mesa Diretora de dar prosseguimento no processo , o caso de Flordelis vai se arrastando e mantendo a integrande no Centrão no cargo, uma vez que não pode ser presa por conta da imunidade parlamentar.
Quem vive situação semelhante é o senador Chico Rodrigues , flagrado com dinheiro na cueca durante operação da PF. Assunto prioritário no Conselho de Ética do Senado , o caso também depende da retomada dos trabalhos. Até lá, o parlamentar, que é suspeito de liderar esquema de corrupção na área da Saúde, segue cumprindo seu afastamento de 121 dias do cargo.