As eleições municipais ocorrerão em 15 de novembro.
Agência Brasil
As eleições municipais ocorrerão em 15 de novembro.

Mais de 500 candidatos a prefeito, vice-prefeito ou vereador têm pelo menos R$ 1 milhão em bens e se beneficiaram com o auxílio emergencial ou o Bolsa Família. As informações foram coletadas pelo UOL , através da análise de dados públicos dos candidatos nestas eleições municipais e das folhas de pagamentos dos benefícios pagos pelo governo federal em maio e junho.

Alguns candidatos negam ter solicitado os benefícios e outros alegam que seus dados pessoais foram utilizados de maneira indevida e que nunca receberam os pagamentos. Existem também aqueles que admitem terem se cadastrado para receber o auxílio emergencial ou o Bolsa Família.

Candidatos a prefeito

O agricultor Kinho Pancotte (PL) é candidato a prefeito de Itapuca, no Rio Grande do Sul. Ele declarou à Justiça Eleitoral mais de R$ 8 milhões em bens e foi um dos candidatos que solicitou o auxílio emergencial.

"O governo liberou [o auxílio emergencial] para produtor rural, não é? Eu tive uma quebra de safra grande neste ano. Resolvi pedir", afirmou Pancotte.

Segundo o Portal da Transparência, ele recebeu R$ 1.800 em auxílio emergencial entre maio e agosto. Em setembro, Pancotte decidiu devolver o valor ao governo. "Gerei um boleto e fiz a devolução", disse. 

Além dele, a Dra. Verbena da Paz (PRTB), candidata a prefeita de Anapu, no Pará, também solicitou o auxílio emergencial. Ela declarou ter patrimônio equivalente a R$ 1,2 milhão e recebeu R$ 2.400 em benefícios do governo, de abril a agosto.

"Uma fazenda deixada de herança para quatro irmãos está em meu nome. Mas eu mesmo não tenho este patrimônio todo", disse a candidata. "Sou advogada e meus processos pararam. Não entrou nenhum recurso para mim. Preciso do auxílio”.

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Mestre Rodrigo (PSOL) é  candidato a prefeito de Bebedouro, em São Paulo, e disse que “gostaria de ser milionário, mas não chego nem perto”.

Com pouco mais de R$ 1 milhão em bens declarados à Justiça Eleitoral , Rodrigo recebeu duas parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial. “Eu tenho uma academia, a primeira coisa que parou [durante a pandemia]. Pedi auxílio, tenho direito”, disse o candidato.

O UOL entrou em contato com Janduy (PTB), candidato a prefeito de Remígio (PB). Ele é empresário e possui mais de R$ 2,6 milhões em bens. A reportagem ligou para seu telefone e mandou mensagens, que foram visualizadas, mas ele não respondeu.

Além disso, a reportagem do UOL também tentou contato com Wanderley do Corgão (PTB), candidato a prefeito de Chupinguaia (RO). Ele é pecuarista, foi vereador e declarou ter R$ 2,3 milhões em bens. A reportagem o questionou sobre o auxílio emergencial, mas ele desligou o telefone.

Candidatos a vereador

Nilde Ferreira (PT) é candidata a vereadora em Paraíso do Tocantins e declarou R$ 1,25 milhões em bens. Entre janeiro e março de 2020, ela recebeu três parcelas de R$ 212 do Bolsa Família e, em 2019, sacou o benefício mensalmente.

A candidata é mãe solo e informou que constam em sua declaração bens que são do atual marido, mas que estão registrados no nome dela devido a uma união estável recente. Ela disse também que não fez o recadastramento e parou de receber o Bolsa Família .

Jania de Seu Geraldo (PSL) é candidata a vereadora em Mimoso de Goiás e declarou ter R$ 1,2 milhão em bens. Ela recebeu, em 2020, três parcelas de R$ 179 do Bolsa Família, mas não sacou nenhuma.

Ao UOL, ela afirmou que foi beneficiária do programa federal , mas atualmente não é mais. "Só se tiver alguém pegando no meu nome", observou a candidata.


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