O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, nomeou nesta sexta-fera o engenheiro eletricista Clezio Marcos de Nardin como o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe
). A escolha põe fim à interinidade de Darcton Policarpo Damião, à frente do órgão desde agosto de 2019, quando o físico Ricardo Galvão foi exonerado após um embate com o presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) sobre a idoneidade dos dados do instituto a respeito do desmatamento na Floresta Amazônica
.
Segundo o portal G1, Nardin é um dos nomes indicados na lista tríplice da disputa, que havia sido um dos nove candidatos ao comando da instituição. Ele é formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 1996, e tem doutorado em Geofísica Espacial. Ele também foi vice-diretor do International Space Environment Service (Ises), uma entidade internacional voltada para o clima espacial.
Damião, por sua vez, assumirá o cargo de assessor especial na pasta do ministro. A disputa pelo comando do instituto era acompanhada com atenção por especialistas e ambientalistas, uma vez que os dados de desmatamento e queimadas têm sido frontalmente questionados por autoridades da República, como o presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão , além do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
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Recentemente, Mourão acusou um suposto "opositor" do governo de divulgar dados negativos relativos à Amazônia
. Posteriormente, ao ser informado de que os dados do Inpe são públicos, o vice-presidente, presidente do Conselho da Amazônia, alegou que não sabia do detalhe.
No ano passado, depois que o desmatamento desenfreado na Amazônia chamou atenção do Brasil e do mundo pelos índices expressivos de derrubada da mata no mês de julho, Bolsonaro acusou o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, de atuar "a serviço de uma ONG". Galvão, por sua vez, defendeu o trabalho do instituto e, após rebater as insinuações, disse que não abriria mão do cargo. Apesar da onda de solidariedade da comunidade científica , o físico acabou exonerado. Em dezembro, ele foi indicado pela revista Nature como um dos dez cientistas mais importantes de 2019.
Seu sucessor interino, Damião, um oficial da Aeronáutica, chegou a dizer que o aquecimento global "não é sua praia" e que submeteria os dados do Inpe ao governo federal antes da publicação. No entanto, a divulgação das estatísticas não foi interrompida. Ontem, números do próprio instituto indicaram que o número de incêndios no Pantanal foi o pior da série histórica, iniciada em 1998.