O programa Pátria Voluntária, ação coordenada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, que repassou verbas federais para instituições missionárias evangélicas sem edital de concorrência durante a pandemia , recebeu um valor de R$ 7,5 milhões inicialmente doado ao governo federal para a compra de 100 mil testes rápidos para detectar o novo coronavírus (Sars-Cov-2). As informações foram publicadas nesta quinta-feira (1) pelo jornal Folha de S.Paulo.
O valor foi doado no mês de março, ainda no início da pandemia, pela empresa frigorífica Marfrig. Segundo a publicação, no dia 20 de maio a empresa recebeu a notificação de que o dinheiro doado seria voltado para os testes. No começo de julho, porém, o governo teria estudado as chances de usar esse dinheiro para outros métodos de combate à pandemia, voltando a verba para o projeto Arrecadação Solidária, um braço do Pátria Voluntária.
O dinheiro desviado corresponde, segundo o jornal, a 70% de toda a arrecadação do programa até o momento. A empresa responsável pela transferência do dinheiro afirmou que no dia 1º de julho foi consultada sobre a utilização do dinheiro para "outras ações de combate aos efeitos socioeconômicos da pandemia de Covid-19", e recebeu a sugestão de que esse dinheiro fosse voltado ao auxílio de pessoas em situação de vulnerabilidade. A empresa lembrou que concordou com a utilização.
O programa Pátria Voluntária, coordenado pela primeira-dama, distribuiu até o momento R$ 4,3 milhões sem editais públicos para compra de alimentos para famílias vulneráveis. Desse dinheiro, R$ 240 mil foram para um projeto evangélico fundado em 2006 pela ministra Damares Alves.
A Casa Civil não se pronunciou sobre o assunto.