A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores do Rio que vai investigar o caso dos "Guardiões do Crivella" foi marcada por confusão entre vereadores na manhã desta terça-feira (22).
O grupo formado por cinco vereadores iria escolher o presidente e relator dos trabalhos, mas uma polêmica entre governistas e oposição terminou em bate boca. Os três vereadores da base do prefeito Marcelo Crivella se retiraram da sessão, e a instalação da CPI foi cancelada. Ainda não há nova data para a reunião.
Vídeos feitos na sala das comissões mostram discussões entre os vereadores. A CPI é formada pela vereadora Teresa Bergher (Cidadania), autora do pedido de investigação, e pelos vereadores Átila A. Nunes (DEM), opositor do prefeito, e Jorge Manaia (Progressistas), Inaldo Silva (Republicanos) e João Mendes de Jesus (Republicanos). Este último era integrante de um dos grupos dos "Guardiões".
No início da reunião o vereador Jorge Manaia fez uma questão de ordem solicitando a transferência da reunião para a próxima terça-feira. Presidindo a primeira reunião por ser a vereadora mais velha, Teresa Bergher negou o pedido, e os três governistas deixaram a reunião.
Segundo Manaia, a exigência de presença física constante no edital de convocação prejudicou a publicidade e o acesso da imprensa e da população aos trabalhos da comissão. Para Teresa Bergher, a questão de ordem foi uma manobra para adiar as investigações.
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"É um triste espetáculo que não nos surpreende é só confirma o comprometimento do prefeito e de seus guardiões, que não querem ser investigados. Quem não deve não teme, não é verdade?", questionou.
O vereador Átila A. Nunes também criticou a saída dos vereadores da reunião.
"Isso é mais uma prova de que devem muito, mostra que eles não querem a investigação para saber exatamente como funcionava esse grupo dos guardiões do Crivella", protestou.
A reportagem tentou contato com os três vereadores que se retiraram da reunião, mas ainda não obteve retorno.
'Guardiões'
Revelado em reportagem do RJTV no final de agosto, o grupo "Guardiões do Crivella" foi organizado para impedir a imprensa de repercutir denúncias e reclamações na porta de hospitais municipais.
Funcionários são pagos para vigiar a porta de unidades municipais de Saúde, para constranger e ameaçar jornalistas e cidadãos que denunciam os problemas. A reportagem revelou também que os intimidadores são coordenados por grupos em WhatsApp, através dos quais há controle rígido de escala e horário, com direito a "ponto" por meio de selfie no posto de trabalho.