O filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) prestou depoimento ao Ministério Público Federal, nesta segunda-feira (20), sobre o suposto vazamento de informações de uma operação da Polícia Federal (PF) para ele.
Em seu testemunho, que durou 40 minutos, Flávio Bolsonaro
negou o vazamento e acusou seu suplente, o empresário Paulo Marinho que fez a denúncia, de desejar sua vaga no Senado. Entenda os principais pontos do depoimento:
Flávio nega acusação
O filho do presidente negou que tenha recebido informações com antecedência da operação Furna da Onça, que investigou em 2018 desvio de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – a operação teve como alvo integrantes do gabinete de Flávio.
Paulo Marinho afirma que Flávio recebeu informações antes da operação acontecer, em meados de outubro, e, por isso, tenha demitido o então assessor Fabrício Queiroz de seu gabinete na Alerj.
O empresário, que é ex-aliado da família Bolsonaro, também alega que a operação foi adiada para não gerar repercussões negativas para Jair Bolsonaro na disputa do segundo turno das eleições.
A advogada de Flávio, Luciana Pires, afirmou nesta seguna que “nunca houve vazamento, nunca chegou ao conhecimento do senador nenhuma informação sobre a Furna da Onça ”.
“Ele explicou ao procurador, inclusive, que apoiava o deputado André Correa na época à presidência da Assembleia Legislativa, e que se ele soubesse de algum vazamento da Furna da Onça obviamente não apoiaria um alvo”, defende a advogada.
Mas Flávio admite reunião
Apesar de negar o vazamento , Flávio admitiu que houve um encontro entre ele, Paulo Marinho e advogados em dezembro de 2018. O empresário afirma que foi nesse encontro que o senador lhe admitiu o vazamento. O filho do presidente nega que o assunto tenha sido abordado.
O procurador Eduardo Benones, que ouviu o testemunho de Flávio, diz que “Ele confirmou que esteve nessa reunião no dia 13. O que ele está negando é que nessa reunião o [advogado] Victor Granado, segundo o depoimento do senhor Paulo Marinho, teria contado como se deu o vazamento".
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"Embora afirme que tenha estado na reunião de 13 de dezembro, ele negou que tenha tido qualquer tipo de conversa sobre a operação", relata o procurador. "Isto é que o que senador contradisse o senhor Paulo Marinho”.
Flávio x Marinho
“Ele [Marinho] quer se aproveitar da máquina pública para se promover. Em cima de mim, não”, disse Flávio. Desde que Paulo Marinho revelou o caso, o senador afirma que a ação do seu ex-aliado e suplente foi por interesse em sua vaga no Senado.
“Pelo que parece ele está mais interessado na minha vaga no Senado do que tomar conta da própria vida. Eu não falei mais com ele. Ele está com um projeto político diferente do meu, é uma escolha dele. Ele é pré-candidato a prefeito do Rio pelo PSDB", defendeu Flávio.
Ele afirma que "as pessoas têm que entender que para construir sua vida política tem que ser pelos próprios méritos, não querendo tacar pedra".
"Vou continuar trabalhando muito pelo Rio de Janeiro, e isso aí é página virada", disse.
Medidas contra Marinho?
"Espero que o Ministério Público tome as providências depois em relação a essas mentiras que ele inventou”, declarou Flávio.
A defesa do senador avalia entrar com uma ação contra Paulo Marinho . Há a possibilidade que seja feita uma notícia-crime ao Ministério Público contra o empresário pelas declarações que ele deu sobre o caso ao jornal Folha de S. Paulo, em 16 de maio deste ano,
Próximo passo da investigação
"A audiência era para colher depoimento do fato mais importante da investigação. Ele respondeu o que foi perguntado. Agora vamos avaliar as respostas para ver o próximo passo", afirma o procurador que ouviu o senaor.
“A gente está chegando em um momento da investigação em que já foram ouvidas as principais testemunhas. A ideia agora é a gente começar a focar na Polícia Federal. Começar a ouvir as pessoas que participaram da diligência", relata Eduardo Benones.
"Eu considero que com essa oitiva de hoje a gente vai ter umquadro melhor do que aconteceu fora da sede da PF”, disse o procurador sobre o testemunho de Flávio Bolsonaro .