A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (30) a Operação Sangria, que mira o governador do Amazonas Wilson Lima (PSC) sob suspeitas de desvios de recursos do combate ao coronavírus . A PF cumpre mandado de prisão temporária contra a secretária de Saúde Simone Papaiz e contra outros sete alvos. O governador é alvo de buscas, que também miram outros 13 alvos.
Os mandados foram expedidos pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão. A operação foi solicitada pela PF, com concordância quase integral da subprocuradora-geral da República Lindora Araújo, responsável pelo caso na Procuradoria-Geral da República (PGR). A PF, entretanto, havia solicitado a prisão temporária do governador do Amazonas, mas a PGR se posicionou contrariamente ao pedido. O ministro Falcão indeferiu o mandado de prisão contra Wilson Lima .
Tanto a PGR como a PF apontam Wilson Lima como líder de uma organização criminosa montada para desviar os recursos. Em seus pedidos, os investigadores apontam que o governador tinha conhecimento e participação na dispensa de licitação que gerou o contrato suspeito de desvios.
"No inquérito, constam provas e indícios revelando o desvio de recursos públicos federais, os quais eram destinados ao sistema hospitalar estadual, em razão da emergência provocada pelo novo coronavírus ", diz a PF. Há suspeitas de fraude na contratação de empresa para fornecimento de respiradores e superfaturamento de pelo menos R$ 1,7 milhão.
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A PF aponta que a secretária de Saúde estava dificultando o andamento de investigações do Tribunal de Contas do Estado sobre os desvios de recursos. Também foram alvos de prisões temporárias ex-integrantes de cargos de direção na Secretaria de Saúde, suspeitos de envolvimento no contrato alvo da investigação, João Paulo Marques dos Santos e Perseverando da Trindade Garcia Filho.
A principal suspeita da investigação é a fraude na contratação da empresa FJAP E CIA LTDA para o fornecimento de 28 ventiladores mecânicos, usados para ajudar na respiração dos pacientes com Covid-19 .
Segundo a investigação, a FJAP subcontratou uma outra empresa para fornecer os respiradores. O governo do Amazonas pagou R$ 2,9 milhões pelos 28 respiradores, mas a FJAP comprou os equipamentos de uma outra empresa pelo valor de R$ 2,48 milhões. Esta empresa, por sua vez, adquiriu os produtos pelo valor inicial de R$ 1 milhão. Por isso, há suspeitas do superfaturamento na compra dos respiradores.
Também são alvos de prisões temporárias os empresários envolvidos no fornecimento dos respirados, como o sócio da FJAP Fábio José Antunes Passos. Segundo a PGR, ainda foi determinado o bloqueio de R$ 2,9 milhões dos alvos investigados.