Mesmo testando pouco, número de casos positivos no Brasil segue alto
Agência Brasil
Mesmo testando pouco, número de casos positivos no Brasil segue alto

Nenhum estado brasileiro alcançou a taxa de positividade em  testes para o novo coronavírus recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos critérios seguros para afrouxamento das medidas de isolamento social. A insuficiência de testagem, problema crônico na evolução da doença no país, e a falta de estratégias detalhadas comprometem o combate à Covid-19 e expõem a população, indica estudo da Rede de Pesquisa Solidária, formada por mais de 50 pesquisadores brasileiros que monitoram os dados da pandemia.

Os especialistas analisaram dados e boletins oficiais dos estados sobre testagem até 20 de junho. A média de positividade dos testes no país foi de 36% no mês. A OMS recomenda que as autoridades de saúde só flexibilizem ações de isolamento social quando essa taxa for de 5%, e se mantiver estável durante duas semanas. Na prática, isso quer dizer que, de cada cem exames realizados, apenas cinco tenham resultado positivo.

Somente nove estados apresentaram uma taxa de positividade inferior a 20% na primeira semana de junho. E, até o dia 20, diz o estudo, a testagem com resultados positivos era alta em todos os estados.

"Entre os 20 países com maior taxa de óbito no mundo, somos o que menos testa. Ainda há muita subnotificação , é um problema crônico", diz Tatiane Moraes de Sousa, pesquisadora da Fiocruz, que participou do estudo.

Ela explica que a OMS e a Universidade Johns Hopkins adotam como referência que países com taxa de positividade muito alta provavelmente só estão testando quem já está doente. Isso mostra que a estratégia brasileira, afirma a pesquisadora, continua sendo a de testar as pessoas no limite de quem está grave ou já dentro do serviço de saúde, sintomático.

"Nenhum estado brasileiro atende o que a OMS orientou como taxa recomendada de positividade. Para ter essa taxa de 5%, seria preciso aumentar muito o número de testes realizados. E isso acontece expandindo a testagem, não testando só as pessoas que já estão dentro do serviço de saúde", afirma.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!