País vive momento de polarização política.
José Dias/PR
País vive momento de polarização política.

Como forma de reação e combate às ações do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), diversas lideranças políticas e da sociedade civil estão assinando manifestos pró-democracia . Com isso, os signatários esperam criar uma união entre os diferentes espectros políticos para defenderem ideiais democráticos e se oporem ao presidente. Entretanto, a união proporcionada por esses manifestos pode dar fim à  polarização política ?

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Segundo a pesquisadora e professora Jacqueline Quaresemin, a união causada é uma alternativa que a sociedade civil encontrou para se manifestar. Entretanto, ela acredita que os movimentos não serão capazes de dar fim à polarização política do Brasil .

"No meu entendimento, há uma crise nas democracias ocidentais. Antes as pessoas acreditavam mais que alguém podia representa-las", diz a pesquisadora, que completa mencionando que houve uma perda de diálogo que está relacionada à polarização. 

"A gente tá perdendo o diálogo e ai eu tenho que citar a Hannah Arendt, que vai dizer que ‘só é possível combater a violência pelo diálogo’.", diz Jacqueline. 

"E estamos perdendo o diálogo porque? Porque os algoritmos acabam organizando o que ela recebe no feed, o que ela vai conectar. Como as pessoas só buscam um lado da informação , os algoritmos começam a devolver pra elas apenas só temáticas envolvendo aquele eixo. E isso faz com que a pessoa veja o mundo daquele modo. E quando entra uma pessoa que chega e questiona aquilo que ela está dizendo, ela imediatamente é atacada", que complementa.

A pesquisadora se refere aos algoritmos  usados pelas grandes empresas de tecnologia. Eles fazem parte de sistemas que traçam perfis de consumidores cada vez mais detalhados e apresentam "mais do mesmo" para os usuários, com o intuito de garantir cliques e engajamento.  

Jacqueline diz ainda que acredita que a polarização continuará enquanto as pessoas continuarem sendo apenas receptoras da informação, sem checarem o que lhes é passado.

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"A polarização tende a se manter enquanto nós tivermos pessoas não verificando tudo que chega para elas. Elas deveriam estar mais atentas. Tem uma parcela muito grande da população que ainda é receptiva a conteúdos (suspeitos) e isso faz com que qualquer conteúdo vindo daquele meio seja (considerado) verdadeiro", explica.

Entretanto, apesar de não acreditar que os movimentos sejam capazes de encerrar a polarização política, Jacqueline diz que eles "podem ter resultado" e que isso vai depender da "dinâmica do processo e dos apoios dos grande veículos de comunicação", diz. 

"Esses movimentos têm força para pressionar o governo e para pressionar os partidos. Porque se vivemos em uma democracia de representação política em que os partidos têm o poder, é desses que nós temos que cobrar para que assumam posições efetivas de exigir que o governo tenha uma postura clara quanto aos protocolos nesse momento.", conclui a pesquisadora.

Os manifestos

Até o momento, três manifestos ganharam maior repercussão nas redes sociais: o "Movimento Estamos Juntos", o "Somos 70%" e o "Basta!".

Movimento conta com mais de 270 mil assinaturas.
Reprodução
Movimento conta com mais de 270 mil assinaturas.

O " Movimento Estamos Juntos " reuniu, até o momento, 278.255 assinaturas. Dentre os princípios descritos no manifesto estão o "combate à corrupção e à desigualdade" e a defesa de uma união entre os espectros políticos para defender "a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia".

Dentre os signitários do manifesto estão políticos como os deputados Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e  Tábata Amaral (PDT-SP); artistas como o ator Wagner Moura e a atriz Taís Araújo; e influenciadores como o youtuber Felipe Neto e o apresentador Luciano Huck.

O " Somos 70% ", por sua vez, se baseia nas estatísticas do Datafolha que dizem que aproximadamente 70% da população considera o governo de Jair Bolsonaro péssimo, ruim ou regular.

Omovimento foi idealizado pelo economista Eduardo Moreira e ganhou apoio de nomes como Xuxa Meneghel, Xico Sá e a deputada Jandira Feghlai (PCdoB-RJ).

Movimento tem a assinatura de profissionais do direito.
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Movimento tem a assinatura de profissionais do direito.

Por fim, o " Basta !" reúne profissionais do direito de diversos espectros ideológicos. Dentre os signatários estão o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, e o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, 

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