Presidente Jair Bolsonaro
Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro



Em depoimento, o procurador da República aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima apresentou elementos que justificam a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Lima foi coordenador da da força-tarefa da Lava-Jato entre 2014 e 2018 e pessoa da convivência do ex-ministro Sergio Moro há pelo menos 22 anos. 

O ex-procurador afirma ainda que crê que o colega foi empurrado para a política contra sua vontade. Moro pediu demissão do cargo do Ministério da Justiça e Segurança Pública .

Leia também: Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, deve ser substituto de Moro

"O presidente radicalizou num sentido que só pode significar que ele está imbuído de má intenção, que é o poder político tomar conhecimento de informações de investigações criminais", alerta.

Ele aponta o risco de uma acomodação anticombate à corrupção, na articulação do presidente com o centrão.

Você viu?

Autonomia da PF

Em depoimento, Lima afirma que houve tentativa de interferência em governos anteriores, em especial no de Michel Temer (MDB). "Naquele tempo sequer tínhamos uma pessoa de interlocução e de nossa confiança no Ministério da Justiça, por isso ficava complicado", afirmou.

Ele diz que a manutenção de Leandro Daiello, na época quem ocupava o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, no governo de Dilma Rousseff (PT) "era sempre uma dificuldade". "Ele dependia muito das nossas manifestações públicas a favor da independência das investigações. A PF não tem essa proteção que o Ministério Público e o Judiciário têm", disse.

Pedido de demissão de Moro

O ex-procurador afirma que a posição do amigo foi correta. Lima diz que estava desconfiado de Bolsonaro desde o episódio da Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) porque tem "consideração enorme por Roberto Leonel [ex-presidente do conselho]" e viu falta de compromisso em Bolsonaro no combate à corrupção. "O compromisso ali era a proteção aos filhos, não é?", alfinetou.

Para Lima, Bolsonaro apoiar a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em restringir investigações da Coaf, foi "totalmente equivocada". Mais tarde, o Supremo reverteu.

"A gota d’água foi a atuação dele neste episódio da quarentena [do novo coronavírus]. Eu até entendo que exista uma disputa política, essa briguinha de playground, mas quando envolve vida humana não pode", disse.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!