Em conversa divulgada pela CNN Brasil nesta quinta-feira, 9, Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania, e Osmar Terra, deputado federal, especulam sobre ida de Luiz Henrique Mandetta para Secretaria da Saúde de São Paulo, caso fosse demitido de Ministério da Saúde.
Segundo fala de Onyx, caso o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decida desligar Mandetta, o governador de São Paulo, João Doria , pode incluí-lo em sua gestão.
A rede de televisão teve acesso ao conteúdo ao ligar para Terra na manhã de hoje, por volta das 8h30. Ao atender, o ministro ficou mudo e não desligou. Desta maneira, o diálogo de quase 15 minutos ficou audível.
O que se constatou pelo tom da conversa foi que o futuro de Mandetta no ministério ainda é incerto. Nesta segunda-feira, o presidente esteve em reunião de 2 horas com ministros, e um dos principais assuntos a serem discutidos era a permanência do ministro na pasta . Terra, envolvido no telefonema, era nome mais cotado para substituí-lo por seu alinhamento com o ponto de vista defendido por Bolsonaro: o de afrouxamento da quarentena e o investimento na hidroxicloroquina.
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O possível envolvimento de Doria é citado quando a conversa se volta para Mandetta. “Ele [Mandetta] não tem compromisso com nada que o Bolsonaro tá fazendo”, diz o Ministro da Cidadania. “E ele se acha”, completa Terra. Onyx opina que o correto teria sido demitir o ministro na segunda-feira, já que os discursos e atitudes de ambos são divergentes.
Onyx:
"O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele..."
Terra:
"Você viu a fala dele depois?"
Onyx:
"Ali para mim foi a pá de cal. Eu já não falo com ele [Mandetta] há dois meses. Aí acho que é xadrez. Se ele sai vai acabar indo para a secretaria do Doria."
Terra:
"Eu ajudo, Onyx. E não precisa ser eu o ministro, tem mais gente que pode ser."
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Em outros momentos do telefone, ambos fazem diversas constatações sobre a Covid-19 e críticas ao isolamento social. Terra cita que é preciso seguir o exemplo do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e substituir a política de quarentena.
Segundo o deputado, as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde não protegem grupo de risco, tampouco visa a proteção de municípios que possuem asilos. Terra ainda cita que acredita em 3 a 4 mil vítimas fatais e que, mesmo assim, “vai morrer menos gente de coronavírus do que da gripe sazonal”.
Procurados para esclarecimentos, Onyx não se manifestou e Terra disse que não comentaria uma conversa privada.
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À coluna Painel, da Folha de S. Paulo , o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que não comentaria o diálogo entre Onyx e Osmar Terra sobre uma possível saída dele do governo. "Deixa eles", minimizou.
"Eu só trabalho, trabalho, trabalho", afirmou, dizendo não ter visto a notícia sobre a conversa.
Quando a conversa se tornou pública, Mandetta disse que estava cuidando dos mapas do avanço do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil e preparando o boletim para a entrevista que estava marcada para as 17h e foi cancelada.