Os primeiros testes rápidos para detecção do novo coronavírus , dentro da promessa feita pelo Ministério da Saúde de providenciar até 10 milhões de testes nas próximas semanas, serão fornecidos por uma empresa da China, país onde foram detectados os primeiros casos da Covid-19 , antes da configuração da pandemia. Serão testados profissionais de saúde afastados do trabalho em razão de sintomas relacionados à doença.
A informação foi dada pelo ministério em entrevista coletiva à imprensa — toda ela virtual, sem contato entre jornalistas e autoridades — no fim da tarde deste domingo (22), quando a pasta informou que já estão confirmados mais de 1,5 mil casos de Covid-19, com 25 mortes .
No sábado, o ministério informou que 5 milhões de testes rápidos serão distribuídos a todo o país, num prazo de oito dias, para detecção da infecção pelo novo coronavírus. Outros 5 milhões serão providenciados na semana seguinte, segundo a pasta.
Na ocasião, o ministério não deu qualquer detalhe sobre quem serão os fornecedores, para onde especificamente irão os testes e quais os detalhes técnicos desse tipo de procedimento. O que os secretários do ministério presentes na entrevista coletiva no sábado disseram é que existe uma diferença entre os 27 mil testes feitos até agora, que detectam partículas do vírus, e os testes rápidos, do tipo sorológico, voltado à detecção de anticorpos.
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Segundo as primeiras informações divulgadas pelo ministério sobre os testes rápidos, neste domingo, o procedimento contratado é do tipo PCR, e não sorológico. A empresa fornecedora é a WONDFO, da China, país com quem o Brasil entrou em crise diplomática após declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 03 do presidente Jair Bolsonaro e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
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Eduardo insinuou que a China é a culpada pela pandemia, o que gerou uma reação imediata — e agressiva — da Embaixada da China no Brasil. A postura do filho do presidente preocupou as autoridades do Ministério da Saúde, que vêm fazendo gestão junto ao governo da China por parcerias para combate ao novo coronavírus. Os testes rápidos e o fornecimento de respiradores são exemplos dessa busca por parceria.
Os primeiros testes rápidos serão voltados a profissionais de saúde, especialmente os que estão de quarentena em razão da apresentação de sintomas associados ao Covid-19, mas que não fizeram testes para a doença. O teste rápido será aplicado entre o oitavo e o décimo dia da manifestação de qualquer um dos sintomas da infecção. Se der positivo, o profissional permanece em isolamento. Se der negativo, ele deve voltar ao trabalho, conforme o ministério.
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O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, disse que "plataformas automatizadas" serão adquiridas para testes do tipo PCR em tempo real, para os momentos de pico da doença, previstos para as próximas semanas. A ideia é fazer entre 30 e 50 mil testes por dia, segundo o secretário.
O ministério não deixou claro quem está pagando pelos primeiros testes rápidos. Desde sábado, a pasta fala em pagamentos feitos por empresas, como a Vale, mas sem deixar isso explícito e detalhado. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez elogios à Vale, ao falar dos testes rápidos. "A Vale tem logística no mundo inteiro, e a performance de licitações do poder público não funciona para momentos como esse."
Mandetta disse que não enxerga problemas de falta de teste para a detecção da Covid-19. "O mercado está aumentando a produção. Acho que não será um grande problema à nossa frente. Vamos superar a questão dos kits [de testes]."