O ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, está com uma comitiva petista pela Europa com o intuito de estreitar laços com políticos europeus, a fim de analisar a situação política do Brasil. Lula concedeu entrevista ao jornal suíço Swissinfo.ch, agência pública de notícias da suiça, na sede do PT em São Paulo, em 21 de fevereiro, antes de partir para o tour pela França, Alemanha e Suiça. A entrevista foi publicada nesta quinta-feira (5), e o presidente discutiu questões como autocrítica, relação com EUA, desigualdade e governo Bolsonaro.
Desde a disputa presidencial de 2018 oponentes e parceiros no campo da esquerda cobram o PT e, sobretudo, Lula por uma autocrítica sobre os erros cometidos durante os 13 anos de gestão petista e os casos de corrupção. Lula apontou que em um processo de desgaste da classe política como um todo apenas o PT é instigado a fazer uma autocrítica e indicou que é papel da oposição fazer críticas ao partido.
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"Uma autocrítica que as pessoas querem te vender, não sei se você percebeu, só o PT é provocado a fazer autocrítica. Eu tenho dito o seguinte, toda pessoa que pede para fazer autocrítica é porque não tem crítica. Você não tem crítica para fazer e quer que eu mesmo me critique? Se eu mesmo me criticar, o que é que vai fazer a oposição?", disse Lula.
Segundo Lula, durante o seu mandato o Brasil havia se tornado um protagonista internacional, mas perdeu prestigio na atual gestão. O ex-presidente afirmou que o ponto principal dos encontros com líderes europeus é a discussão da desigualdade. Também será colocado no debate o porquê do Brasil estar em uma situação de desprestigio e apagamento, no entendimento petista.
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Lula atacou o governo Bolsonaro
e seus ministros a quem chamou de burros, principalmente, por conta das falas que vêm endereçando aos mais pobres. Nesse sentido Lula colocou que sua principal luta política atualmente é contra a desigualdade.
"Esse governo do Bolsonaro é uma piada. Eu acho que não é bobagem porque são burros, são bobagens premeditadas. É um pouco para brincar com a sociedade, é um pouco para tirar a atenção da sociedade. O que Paulo Guedes (ministro da Economia) falou é um sentimento dele. Dele e da elite brasileira", sobre as declarações de Paulo Guedes em relação ao dólar barato ser ruim por dentre outras cosias ter permitido que empregadas domésticas passassem a visitar a Disney.
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"Eles passaram a dizer que os aeroportos viraram rodoviária, que entrava gente que não sabia usar o banheiro do avião, que entrava gente que não sabia colocar a mala. A ascensão do pobre passou a incomodar as pessoas que achavam que o teatro era só para eles, que o parque era só para eles, que o aeroporto era só para eles", afirmou.
"Essa ascensão dos pobres no Brasil é que me fez construir na minha cabeça a ideia de que a luta pela desigualdade, contra a desigualdade, é a luta mais importante que nós temos que fazer no mundo hoje. Quer dizer, é tentar sensibilizar a sociedade que não é possível alguém dormir tranquilo sabendo que na porta da casa dele, que na calçada, que na rua, tem uma criança que está sem comer", disse.
O ex-presidente ainda proveitou para fazer críticas sobre a relação entre o Brasil e os EUA, e mais profudamente sobre Trump e Bolsonaro, ao afirmar que não há uma aliança entre os dois países pois Trump não respeita Bolsonaro, porque o presidente brasileiro não se respeita.