Luciano Belford / Agência O Dia
"O que vemos é um show de horrores, pautada em coisas que pouco acrescentam", diz Witzel

Em cerimônia realizada na tarde desta segunda-feira no Palácio Guanabara, o governador Wilson Witzel disparou contra o governo federal do presidente Jair Bolsonaro. O governador afirmou que o debate ideológico atual entre petistas e bolsonaristas é "estéril", pediu por bom senso e disse que os brasileiros têm pela frente até as próximas eleições presidenciais "mais três anos assistindo a um show de horrores". Witzel ainda criticou os apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, chamando-os de " bolsominions que fazem terrorismo na internet".

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— Temos mais três anos até as eleições presidenciais assistindo um show de horrores que não leva a lugar nenhum e, infelizmente, nossos desempregados é que estão sofrendo com essa disputa ideológica desnecessária — afirmou o governador.

Durante o discurso, Witzel chamou a discussão polarizada de pouco produtiva e "irracional". Ele criticou o estado atual da indústria nacional, considerando um processo de "desindustrialização" pelo pouco incentivo fiscal do país.

— O que vemos é um show de horrores, pautada em coisas que pouco acrescentam. Um pouco irracional com esses dois personagens de antagonismo. A indústria brasileira está ficando velha enquanto estamos olhando só para despesa e pouco para receita. Fica um gritando Lula Livre e outros bolsominions fazendo terrorismo na internet — disparou Witzel.

Mais cedo, em entrevista à Rádio 94,1 FM, antiga Roquette Pinto, Witzel declarou não consegue ter uma boa relação com o governo federal. Ele disse que a gestão de Jair Bolsonaro está "imobilizada" entre brigas ideológicas.

— Infelizmente nós não estamos conseguindo ter a mesma relação com o governo federal (em comparação ao bom relacionamento com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia). Há uma dificuldade de relacionamento de entender os problemas de vários estados da federação, não estamos sendo bem compreendidos pelo governo federal. Vivemos uma polarização, de um debate ideológico que é estéril. Agora com Lula solto vai se acirrar e o governo federal imobilizado nisso — afirmou Witzel.

Ao ouvir do âncora do programa, o jornalista William Travassos, que o governo federal precisa "parar de besteirol na internet", Witzel concordou com a declaração. O jornalista ironizou as discussões feitas pelas redes sociais e teve apoio do governador que disse: "É, verdade. Exatamente".

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— Precisamos de um país com um lider que consegue entender os antagonismos e fazer consenso. O consenso é a melhor forma de resolver problemas. Estamos precisando de uma liderança que consiga trazer paz ao povo brasileiro, aquecer a economia e fazer as reformas necessárias — afirmou Witzel.

Novo secretário

O evento marcou a nomeação do novo secretário de Infraestrutura e Obras, Bruno Kazuhiro (DEM). O ato é um gesto de embarque do partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na gestão Witzel após meses de negociação.

O agora secretário atuava desde 2013 como assessor do ex-prefeito, e hoje vereador, César Maia. Na cerimônia, uma mensagem enviada pelo vereador foi lida, justificando sua ausência devido a uma enfermidade.

— A nomeação representa a lealdade do governador ao nosso partido, conte comigo — escreveu César Maia.

Com a nomeação de cunho político, Witzel tira de cena um secretário técnico, especialista da área, Horácio Guimarães. Apesar de, segundo fontes do gabinete do governador, Witzel se posicionar de forma contrária a empossar alguém que não tem conhecimento da área, ele cedeu para conquistar mais cinco deputados estaduais para a base do governo.

Kazuhiro é presidente nacional da juventude da União Democrata Internacional e integra o partido desde 2007. Ao fazer o discurso de posse, o secretário confirmou que a nomeação vem por meio de um voto de confiança da família Maia. Ao GLOBO o secretário anunciou que tem algumas prioridades para a gestão.

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— O Museu da Imagem e do Som é um pedido do secretário de Turismo, Otávio Leite. Não tenho dúvida que o Arco Metropolitano também tem que ser uma prioridade. E, além disso, os presídios verticais e os conjuntos habitacionais para combater os déficits atuais no estado — afirmou Kazuhiro.

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