O presidente Jair Bolsonaro defendeu neste domingo (10) a aplicação do voto impresso no Brasil após Evo Morales renunciar à presidência da Bolívia
em meio a acusações de fraude no processo eleitoral. Em uma publicação nas redes sociais, o uso de cédulas daria "a certeza que fatos como o da Bolívia não acontecerão no Brasil". "A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, de contagem de votos que possam ser auditados", disse.
Evo Morales renunciou após as Forças Armadas pedirem que ele deixasse o cargo e ele mesmo ter convocado novas eleições . "Me dói muito que nos tenham levado ao enfrentamento. Enviei minha renúncia para a Assembleia Legislativa Plurinacional", afirmou em pronunciamento na televisão. O vice-presidente Álvaro García Linera , que estava ao lado de Morales, também renunciou.
"Quero pedir desculpas por ter sido exigente durante o trabalho. Não foi para Evo, foi para o povo boliviano". "Aqui não termina a vida, segue a luta", disse Morales ao encerrar sua fala.
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Além deles, também renunciaram o presidente da Câmara, Victor Borda, e a presidente do Senado boliviano, Adriana Salvatierra. Nessa situação, o próximo na linha sucessória para assumir a presidência é Petronio Flores, presidente do Tribunal Constitucional, entidade equivalente ao Supremo Tribunal Federal na Bolívia.
O ex-presidente Lula também se manifestou sobre a renúncia de Morales. No Twitter, o petista disse que "é lamentável que a América Latina tenha uma elite econômica que não saiba conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobres".
Desde que Morales foi reeleito, em 20 de outubro, o processo eleitoral tem sido questionado pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele venceu as eleições com 47,07% do total de votos, enquanto seu rival Carlos Mesa ficou com 36,51%.
Na Bolívia, um candidato só vence quando soma mais de 50% dos votos ou quanto tem menos, mas fica com vantagem de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Por conta dessa vantagem ter sido pequena e de resultados contraditórios terem sido divulgados, a OEA chegou a duvidar do resultado e pediu uma auditoria das urnas.
Essa adutoria só seria finalizada em 13 de novembro, mas foi adiantada "por conta da gravidade das denúncias", disse o secretário-geral da OEA, Luis Almagro.